terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Filo - Política

POLÍTICA
Os mitos gregos eram recolhidos pela tradição e transmitidos oralmente pelos medos e lapsodos, cantores ambulantes que davam forma poética a esses relatos e os recitavam de cor em praça pública.
A grande aventura intelectual não começa propriamente na Grécia Continental, mas nas colônias gregas: na Jônia e na Magna, foi lá que se originou o pensar filosófico. Neste trabalho mostraremos quem eram os sofistas, o pensamento político de Platão (suas obras e legado para a Filosofia), mostraremos também que foi Aristóteles e suas formas de governo.
É um tanto difícil discorrer sobre tudo, mas tentaremos expor através de pesquisas (em livros didáticos e também livros de autoria de Platão e Aristóteles) o pensamento político grego e sua política normativa.
Os Sofistas
Os sofistas sempre foram mal interpretados devido às críticas que deles faziam Sócrates e Platão. A história da filosofia nos dá nem faz referência a eles. A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que significa “sábio”, ou melhor, “professor de sabedoria”. Mas no sentido pejorativo, significa “homem que emprega sofismas”, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má fé, com intenção de enganar.
Eles vão também elaborar teoricamente e legitimar o ideal democrático da nova classe em ascensão, a dos comerciantes enriquecidos. a virtude de uma aristocracia guerreira se opõe agora à virtude do cidadão, a maior das virtudes é a justiça e todos, desde que cidadãos da pólis, devem ter direito ao exercício do poder.
Através da paidea elabora uma nova educação capaz de satisfazer os ideais do homem da pólis e não mais do aristocrata, superando assim, os privilégios da antiga educação, para a qual a araté só era acessível aos que pertenciam a uma linhagem de origem divina.
É bem verdade que este momento não se dirige ao povo em geral, mas a uma elite, àqueles bons oradores que poderiam, nas assembléias públicas, fazer uso da [palavra livre e pronunciar discursos convincentes e oportunos. A retórica será o instrumento desse processo e os sofistas, os mestres, da nova areté política.
Os mais famosos sofistas foram: Protágoras, Górgias, Híppias, Trasímaco, Pródico , Hipódamos, etc. vindos de todas as partes do mundo grego desenvolvem um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar nenhum. Para escândalo dos seus contemporâneos costumam cobrar pelas aulas. Por esse motivo, Sócrates os acusava de prostituição.
Outra obra importante foi a sistematização do ensino. Formam um currículo de estudos: gramática – da qual foram os iniciadores – retórica e dialética.
Com o brilhantismo da participação no debate público, deslumbram os jovens do seu tempo. Desenvolvem um espírito crítico e a facilidade de expressão, mas são com freqüência acusados de superficialidade e logomaquia, ou seja, de pronunciar um discurso vazio, um palavreado oco.
Não deixaram obra escrita, apenas citações de outras filósofos, e como já vimos sempre tendenciosas.
O Pensamento Político de Platão
Platão nasceu em Atenas no ano 428 ou 427 a.C. Seus pais pertenciam a uma antiga e nobre descendência. teve um temperamento de artista e filósofo ao mesmo tempo, manifestação característica e elevado do gênio grego.
Aos 20 anos, Platão travou relações com Sócrates, cujo ensino e amizade gozou durante oito anos. Após a morte do mestre começou a viajar, dando um vasto giro para se instruir, através do Egito, da Itália meridional e da Sicília. Na Sicília tentou inutilmente realizar a sua utopia política junto à côrte de Siracusa.
Pelo ano de 368 fundava em Atenas a sua famosa escola, que tomou o nome de academia, dedicando-se inteiramente à especulação metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras até à morte (347 ou 348 a.C.).
A atividade literária de Platão abrange mais de cinqüenta anos; escreveu treze cartas e trinta e seis diálogos, que representam a obra prima de sua atividade artística e filosófica.
Platão sistematiza seu pensamento na simples idealização de uma cidade que não existe, mas que deveria ser o modelo da cidade ideal. Guiado pela reflexão filosófica, afirma que o bom governo depende da virtude dos bons governantes.
Devido às grandes convulsões sociais e as injustiças, como a derrota de Atenas na guerra contra Esparta e a condenação de Sócratres, levam Platão a ter um descrédito pela democracia, apesar dele ser de origem aristocrática concebe uma “sofocracia” ( etimologicamente, “poder de sabedoria” ), onde os homens que são vítimas do conhecimento imperfeito devem ser dirigidos por homens que se distinguem pelo saber supremo, conceituando o governo como a arte; chefiando apenas aquele que conhece a ciência política.
E para explicar como diferenciamos os verdadeiros conhecimentos, ele cita o mito da caverna. No qual ele imagina uma caverna onde os homens estão acorrentados desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a entrada apenas enxergam o fundo da caverna.
Aí são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses homens conseguissem se soltar das correntes para contemplar à luz do dia os “verdadeiros objetos”, quando regressasse os seus antigos companheiros o tomariam por louco, não acreditando em suas palavras .
Então ele faz a seguinte análise separando por dois pontos de vista: o epistemológico (relativo ao conhecimento) e o poético.
Na dimensão epistemológica, o conhecimento humano é por meio da teoria das idéias, que se divide em outros dois mundos: o sensível (dos fenômenos relativos aos sentidos, da multiplicidade, do movimento ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo ) e o inteligível ( das idéias gerais da verdadeira realidade, das essências imutáveis que o homem atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos ), e essas idéias estão hierarquizadas, no topo está a idéia do bem, a mais alta perfeição e a mais geral de todas: os seres e as coisas não existem senão na medida em que participam do bem.
E para chegar a esse conhecimento é preciso que o espírito desperte, e lembrem através dos sentidos tudo que já teria vivido quando contemplaram o mundo das idéias.
A dimensão política, surge quando o filósofo liberta-se das correntes, contempla a verdadeira realidade e retorna ao meio dos homens para orientá-los, ensiná-los e dirigi-los.
A Utopia Platônica
Que as pessoas devem ocupar funções diversas na sociedade. E para isso o Estado deve criar as crianças até os vinte anos, com a mesma educação. então aí ocorre o primeiro corte, separando os de alma de bronze, que tem sensibilidade grosseira, aptos à agricultura, ao artesenato, e ao comércio.
Os outros estudam mais dez anos, para então ocorrer o segundo corte, os de alma de prata, com a virtude da coragem essencial para os guerreiros, e os que sobrarem, continuam estudando e serão considerados os almas de ouro, terão a arte de dialogar, conhecerão a filosofia.
Aos cinquenta anos, aqueles que passarem com sucesso por essa série de provas estarão aptos a serem admitidos no corpo dos magistrados, pois apenas eles têm a ciência da política, serão os mais justos. Sua função é manter a cidade coesa.
A proposta de Platão leva a um modelo aristocrático de poder. Mas, como vimos, não se trata de uma aristocracia da riqueza, mas da inteligência, em que poder é confiado aos melhores.
Esse estado de coisa pode degenerar, e de sua decadência aparecem outras formas de governo: a timocracia, quando o culto da virtude é substituído pela norma guerreira; a oligarquia, quando prevalece o gosto pelas riquezas, e o senso é a medida de capacidade para o exercício do poder; a democracia, quando o poder pertence ao povo, que, sendo incapaz de conhecer a ciência política, facilita, através da demagogia, o aparecimento da tirania, esta é a pior forma de governo, exercido por um homem só através da força.
O Pensamento Político de Aristóteles
Filósofo grego, Aristóteles nasceu em Estagira, Macedônia, em 384 a.C. e morreu em Cálcide, Eubéia, em 322 a.C. Em Atenas desde 367, foi durante 20 anos discípulo de Platão. Depois da morte do mestre, instalou-se em Asso, na Eóluda, e depois em Lesbos, até ser chamado em 346 à côrte de Felipe da Macedônia para encarregar-se da educação de seu filho Alexandre.
Em 333 voltou a Atenas onde fundou o Liceu. Durante treze anos dedicou-se ao ensino e à elaboração da maior parte de suas obras. Com a morte de Alexandre ( 323 ), teve que fugir a perseguição dos democratas atenienses refugiando-se em Cálcide onde morreu.
Na evolução do pensamento filosófico, Platão e Aristóteles constituem ao mesmo tempo, pontos de confluência de várias vertentes, anteriores ou contemporâneos e principais fontes de todo o pensamento posterior. Representam, antes de tudo, dois modos de pensar: a busca da realidade pela experiência em Aristóteles, e em Platão, a dialética do espírito processando-se além da experiência. Como nenhum filosófico antes dele, Aristóteles compreendeu a necessidade de integrar pensamento anterior à sua própria pesquisa filosófica.
Aristóteles é o primeiro filósofo a distinguir a ética da política, centrada a primeira na ação voluntária e moral do indivíduo enquanto tal, e a segunda, nas vinculações deste com a comunidade, desde a comunidade familiar até a pólis, a cidade ( como sociedade política ). A política é a culminância da ética, já que o bem comum é ” mais belo e mais divino” que o do indivíduo.
Dotada de lógos, “palavra”, isto é, de comunicação, o homem é inclinado a fazer parte de uma pólis. Assim, o Estado precede a família e até o indivíduo porque responde a um impulso natural. Nos círculos em que o homem se move, a família, a tribo, a pólis, só esta última constitui uma sociedade perfeita.
A felicidade suprema consiste na contemplação da realização de nossa forma essencial. A política aparece como um prolongamento da moral, a virtude não se confunde com o heroísmo, mas é uma atividade racional por excelência. O equilíbrio da conduta só se realiza na vida social, a verdadeira humanidade só é adquirida na sociabilidade isso ocorrerá através da educação proporcionada pelo Estado.
“As leis mais úteis, sancionadas com a aprovação unânime de todos os cidadãos, tornam-se ilusórias se a educação e os costumes não se aos princípios políticos, sendo democráticas na democracia e oligárquicos na oligarquia, porque é preciso entender que se um só cidadão vive na indisciplina, o próprio Estado participa dessa desordem”.
Faz crítica ao autoritarismo de Platão, considerando desumano. Recusa a sofocracia platônica, porém não deixa de admitir que para se ser justo é preciso conhecer as leis.
Exclui da cidadania as classes dos artesãos, comerciantes e trabalhadores braçais por não ter tempo para participar do governo e por considerar que esse tipo de atividade torna o indivíduo incapaz da prática de uma virtude esclarecida.
Aristóteles viveu em dois períodos da Grécia Antiga que foram: período clássico e helenístico, caracterizados por uma sociedade escravista. Diante disso fez uma grande declaração a respeito dos escravos, considerando-os como meros instrumentos que servem para facilitar o uso das coisas pelo seu senhor e ainda declara para o “escravo a escravidão é tão útil como justa”. Todas essas declarações a respeito dos escravos estão contidas em uma de suas obras: “A política”.


MAQUIAVEL

Paulo Silvino Ribeiro

Nicolau Maquiavel, nascido na segunda metade do século XV, em Florença, na Itália, trata-se de um dos principais intelectuais do período chamado Renascimento, inaugurando o pensamento político moderno. Ao escrever sua obra mais famosa, “O Príncipe”, o contexto político da Península Itálica estava conturbado, marcado por uma constante instabilidade, uma vez que eram muitas as disputas políticas pelo controle e manutenção dos domínios territoriais das cidades e estados.
Conhecer sua trajetória como figura pública e intelectual é muito importante para que as circunstâncias nas quais este pensador pensou e escreveu tal obra sejam compreendidas. Maquiavel ingressou na carreira diplomática em um período em que Florença vivia uma República após a destituição dos Médici do poder. Contudo, com a retomada dessa dinastia, Maquiavel foi exilado, momento em que se dedicou à produção de “O Príncipe”. Esta sua obra seria, na verdade, uma espécie de manual político para governantes que almejassem não apenas se manter no poder, mas ampliar suas conquistas. Em suas páginas, o governante poderia aprender como planejar e meditar sobre seus atos para manter a estabilidade do Estado, do governo, uma vez que Maquiavel conta sucessos e fracassos de vários reis para ilustrar seus conselhos e opiniões. Além disso, para autores especializados em sua vida e obra, Nicolau Maquiavel teria escrito esse livro como uma tentativa de reaproximação do governo Médici, embora não tenha logrado êxito num primeiro momento.
Outro fator fundamental para se estudar o pensamento maquiaveliano é o pano de fundo da Europa naquele período, do ponto de vista das ideologias e do pensamento humano. Ao final da Idade Média, retomava-se uma visão antropocêntrica do mundo (que considera o homem como medida de todas as coisas) presente outrora no pensamento das civilizações mais antigas como a Grécia, a qual permitiu o despontar de uma outra ideia política, que não apenas aquela predominante no período medieval. Em outras palavras, a retomada do humanismo iria propor na política a “liberdade republicana contra o poder teológico-político de papas e imperadores”, como afirma Marilena Chauí (2008). Isso significaria a retomada do humanismo cívico, o que pressupõe a construção de um diálogo político entre uma burguesia em ascensão desejosa por poder e uma realeza detentora da coroa. É preciso lembrar que a formação do Estado moderno se deu pela convergência de interesses entre reis e a burguesia, marcando-se um momento importante para o desenvolvimento das práticas comerciais e do capitalismo na Europa. Assim, Maquiavel assistia em seu tempo um maior questionamento do poder absoluto dos reis ou de alguma dinastia, como os Médici em Florência, uma vez que nascia uma elite burguesa com seus próprios interesses, com a exacerbação da ideia de liberdade individual. Questionava-se o poder teocêntrico e desejava-se a existência de um príncipe que, detentor das qualidades necessárias, isto é, da virtú, poderia garantir a estabilidade e defesa de sua cidade contra outras vizinhas.
Dessa forma, considerando esse cenário, Maquiavel produziu sua obra com vistas à questão da legitimidade e exercício do poder pelo governante, pelo príncipe. A legitimação do poder seria algo fundamental para a questão da conquista e preservação do Estado, cabendo ao bom rei (ou bom príncipe) ser dotado de virtú e fortuna, sabendo como bem articulá-las. Enquanto a virtú dizia respeito às habilidades ou virtudes necessárias ao governante, a fortuna tratava-se da sorte, do acaso, da condição dada pelas circunstâncias da vida. Para Maquiavel “...quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos.” (MAQUIAVEL, 2002, p. 264). Conforme afirma Francisco Welffort (2001) sobre Maquiavel, “a atividade política, tal como arquitetara, era uma prática do homem livre de freios extraterrenos, do homem sujeito da história. Esta prática exigia virtú, o domínio sobre a fortuna”. (WELFFORT, 2001, p. 21).
Contudo, a forma como a virtú seria colocada em prática em nome do bom governo deveria passar ao largo dos valores cristãos, da moral social vigente, dada a incompatibilidade entre esses valores e a política segundo Maquiavel. Para Maquiavel, “não cabe nesta imagem a ideia da virtude cristã que prega uma bondade angelical alcançada pela libertação das tentações terrenas, sempre à espera de recompensas no céu. Ao contrário, o poder, a honra e a glória, típicas tentações mundanas, são bens perseguidos e valorizados. O homem de virtú pode consegui-los e por eles luta” (WELFFORT, 2006, pg. 22). Assim, essa interpretação maquiaveliana da esfera política foi que permitiu surgir ideia de que “os fins justificam os meios”, embora não se possa atribuir literalmente essa frase a Maquiavel. Além disso, fez surgir no imaginário e no senso comum a ideia de que Maquiavel seria alguém articuloso e sem escrúpulo, dando origem à expressão “maquiavélico” para designar algo ou alguém dotado de certa maldade, frio e calculista.
Maquiavel não era imoral (embora seu livro tenha sido proibido pela Igreja), mas colocava a ação política (construída pela soma da virtú e da fortuna) em primeiro plano, como uma área de ação autônoma levando a um rompimento com a moral social. A conduta moral e a ideia de virtude como valor para bem viver na sociedade não poderiam ser limitadores da prática política. O que se deve pensar é que o objetivo maior da política seria manter a estabilidade social e do governo a todo custo, uma vez que o contexto europeu era de guerras e disputas. Nas palavras de Welffort (2001), Maquiavel é incisivo: há vícios que são virtudes, não devendo temer o príncipe que deseje se manter no poder, nem esconder seus defeitos, se isso for indispensável para salvar o Estado. “Um príncipe não deve, portanto, importar-se por ser considerado cruel se isso for necessário para manter os seus súditos unidos e com fé. Com raras exceções, um príncipe tido como cruel é mais piedoso do que os que por muita clemência deixam acontecer desordens que podem resultar em assassinatos e rapinagem, porque essas consequências prejudicam todo um povo, ao passo que as execuções que provêm desse príncipe ofendem apenas alguns indivíduos” (MAQUIAVEL, 2002, p. 208). Dessa forma, a soberania do príncipe dependeria de sua prudência e coragem para romper com a conduta social vigente, a qual seria incapaz de mudar a natureza dos defeitos humanos.
Assim, a originalidade de Maquiavel estaria em grande parte na forma como lidou com essa questão moral e política, trazendo uma outra visão ao exercício do poder outrora sacralizado por valores defendidos pela Igreja. Considerado um dos pais da Ciência Política, sua obra, já no século XVI, tratava de questões que ainda hoje se fazem importantes, a exemplo da legitimação do poder, principalmente se considerarmos as características do solo arenoso que é a vida política.

Razão e política em Immanuel Kant

Resumo
Razão e Política em I. Kant pretende mostrar como aparece e se justifica o tema da política no contexto daquele filósofo. Tendo o seu âmbito na razão prática, esse tema exige, a rigor, que se exponha os princípios ou fundamentos que caracterizam os dois usos da Razão: o prático e o teórico. É o que foi feito nas duas primeiras partes da obra, reservando-se à terceira (e última) o trato especial do referido tema. Na Parte I, intitulada DA METAFÍSICA Á CIÊNCIA, mostrou-se como se forma o conhecimento, suas condições ou regras e seus limites, a partir da intuição ou experiência. Evidenciou-se também a existência das idéias ou conceitos puros da razão, cuja função é meramente regulativa (do entendimento), e não constitutiva da natureza, ou experiência. Na Parte II, denominada DA CIÊNCIA À MORAL, ficou assinalada a primazia da razão prática sobre a teórica, fato pelo qual são ultrapassados os limites do conhecimento. As noções de lei moral, liberdade, dever e soberano bem apontam para um novo modelo ou espécie de experiência, que completa ou supera a primeira, precisamente com o objetivo de justificar a existência mesma da Razão. E na Parte III, finalmente, que se chamou DA MORAL Á POLÍTICA, mais uma passagem se faz, pela mediação de elementos próprios à segunda razão (prática).Neste sentido entram os conceitos de autonomia, liberdade e soberano bem, que constituem o alfa e ômega de todas as nossas relações, sem contar a idéia de um plano secreto da Natureza, plano que implica a consideração sistemática de um princípio teleológico cujo destino é o próprio homem. Parece haver sobre nossos esforços políticos, rumo à paz e ao desenvolvimento, um toque providencial que distingue o pensamento político de Kant. Texto completo em:
Aspectos da Filosofia Moral e Política de Kant


Esse texto se propõe a analisar a seguinte frase de Kant: "São injustas todas as acções que se referem ao direito de outros homens, cujas máximas não se harmonizem com a publicidade", relacionando-as com aspectos de sua filosofia política e moral.Esta proposição é a fórmula transcedental do direito público, presente no segundo apêndice do Tratado da Paz Perpétua, intitulado "Da Harmonia da Política com a Moral Segundo o Conceito Transcedental no Direito Público". Nestes apêndices, Kant está fundamentalmente preocupado em analisar a política, o direito e a moral em suas compatibilidades.Para Kant, o fim último da humanidade é alcançar a constiuição política perfeita. Esta disposição original avança, ainda que de forma lenta. Pode-se percebê-la se mudarmos a perspectiva da observação histórica. Isto a natureza ordenou desde o início, e a natureza ordena somente uma vez, sendo sempre obedecida, mesmo à revelia das vontades individuais. A História fragmentada, vista pela perspectiva individual e pelas idiossicrasias particulares, mostra uma trajetória irregular, cheia de erros e absurdos, mas o historiador filósofo, como propõe Kant, pode procurar a perspectiva da espécie e extrair as diretrizes comuns que norteiam povos diferentes em épocas diferentes. É inclusive dever que se impõem ao homem, quando se torna consciente disso, proceder da melhor maneira para que essa finalidade inevitável se desdobre o quando antes e da melhor maneira. O cumprimento dessa finalidade é a realização das disposições racionais da humanidade na espécie, já que no indivíduo a razão não pode se desenvolver totalmente, conforme postula a segunda proposição da Idéia de uma História Universal de um ponto de vista Cosmopolita, onde este tema é tratado. A constituição política perfeita seria a garantia da supressão da guerra e o estabelecimento da paz por tempos incontáveis. Seria a garantia de realização da racionalidade humana em sua mais elevada forma, a única maneira que o homem civil teria de se situar no mundo depois de ter sido arrancado do seio da natureza, pelo pacto social... continua em: http://www.consciencia.org/kantpolitica.…

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