Por Patrícia Carvalho
Pinheiro
FILOSOFIA = FILOS (AMOR) + SOFIA
(SABEDORIA)
PERÍODOS
DA FILOSOFIA GREGA
1)
Homérico = Século XII
ao VII a.C.
Período de exaltação dos grandes heróis
gregos, através do relato de mitos e lendas
Ilíada – obra que retrata a história da
Guerra de Tróia e o mito sobre o herói AQUILES;
Odisseia – obra que retrata as aventuras
e conquistas do herói ULISSES (Odisseu).
2)
Clássico = século V ao
IV a. C.
Período do apogeu das Cidades-Estados
(as Pólis). Base da filosofia (Sofistas, Sócrates e Platão)
Os mitos gregos eram recolhidos pela tradição e
transmitidos oralmente pelos medos e lapsodos, cantores ambulantes que davam forma
poética a esses relatos e os recitavam de cor em praça pública.
A grande aventura intelectual não começa
propriamente na Grécia Continental, mas nas colônias gregas: na Jônia e na
Magna, foi lá que se originou o pensar filosófico. Neste trabalho mostraremos
quem eram os sofistas, o pensamento político de Platão (suas obras e legado
para a Filosofia), mostraremos também que foi Aristóteles e suas formas de
governo.
É um tanto difícil discorrer sobre tudo, mas
tentaremos expor através de pesquisas (em livros didáticos e também livros de
autoria de Platão e Aristóteles) o pensamento político grego e sua política
normativa.
Os
Sofistas
Os sofistas sempre foram mal interpretados
devido às críticas que deles faziam Sócrates e Platão. A história da filosofia
nos dá nem faz referência a eles. A palavra sofista, etimologicamente, vem de
sophos, que significa “sábio”, ou melhor, “professor de sabedoria”. Mas no
sentido pejorativo, significa “homem que emprega sofismas”, ou seja, alguém que
usa de raciocínio capcioso, de má fé, com intenção de enganar.
Eles vão também elaborar teoricamente e
legitimar o ideal democrático da nova classe em ascensão, a dos comerciantes
enriquecidos. a virtude de uma aristocracia guerreira se opõe agora à virtude
do cidadão, a maior das virtudes é a justiça e todos, desde que cidadãos da
pólis, devem ter direito ao exercício do poder.
Através dessa ideia elabora uma nova educação
capaz de satisfazer os ideais do homem da pólis e não mais do aristocrata,
superando assim, os privilégios da antiga educação, para a qual o conhecimento só
era acessível aos que pertenciam a uma linhagem de origem divina.
É bem verdade que este momento não se dirige ao
povo em geral, mas a uma elite, àqueles bons oradores que poderiam, nas
assembleias públicas, fazer uso da palavra livre e pronunciar discursos
convincentes e oportunos. A retórica será o instrumento desse processo e os
sofistas, os mestres, da nova areté política.
Os mais famosos sofistas foram: Protágoras,
Górgias, Híppias, Trasímaco, Pródico , Hipódamos, etc. vindos de todas as
partes do mundo grego desenvolvem um ensino itinerante pelos locais em que
passam, mas não se fixam em lugar nenhum. Para escândalo dos seus
contemporâneos costumam cobrar pelas aulas. Por esse motivo, Sócrates os
acusava de prostituição.
Outra obra importante foi a sistematização do
ensino. Formam um currículo de estudos: gramática – da qual foram os iniciadores
– retórica e dialética.
Com o brilhantismo da participação no debate
público, deslumbram os jovens do seu tempo. Desenvolvem um espírito crítico e a
facilidade de expressão, mas são com freqüência acusados de superficialidade e
logomaquia, ou seja, de pronunciar um discurso vazio, um palavreado oco.
Não deixaram obra escrita, apenas citações de
outras filósofos, e como já vimos sempre tendenciosas.
Sócrates:
Sócrates, de origem pobre e humilde, Filho de um
escultor – Sofronisco e de uma parteira – Fenareta.
Importância do Pensamento Socrático: Mudança de
foco no questionamento filosófico. O homem e seu comportamento tornam-se objeto
principal de sua investigação. (antropologia).
É considerado o “Pai da Filosofia”, e sua preocupação
são a ética e a moral.
Para Sócrates, a Filosofia não é uma profissão
(como para os Sofistas) e sim “um modo de vida”. Foi condenado à morte (tomou
um veneno chamado cicuta) por acusação de corromper a juventude, violar as leis
da cidade e introduzir novas divindades em Atenas.
O Método Socrático constitui-se em contribuir
para tirar o indivíduo da sua ignorância e possui duas fases:
1-Exortação: Sócrates convida o
interlocutor a filosofar, a buscar a verdade.
2- Indagação: Sócrates faz
perguntas, comentando as respostas e voltando a perguntar caminha com o
interlocutor para encontrar a definição da coisa procurada.
Tais perguntas dividem-se em duas partes:
a) IRONIA (Eironéia ou Refutação) =
Demonstrar ao indivíduo através de perguntas a sua ignorância. Mostrar que o
interlocutor é cheio de preconceitos, opiniões subjetivas, imagens sensoriais
acatadas, enganos, etc.
b) MAIÊUTICA (Parturição: Em
grego: “arte de dar a luz”, PARTO DE “IDÉIAS”) = Provar ao homem pelo método
dialógico que ele é capaz de chegar à definição do verdadeiro conceito. (Parir
idéias)
• Frase Célebre: “Conhece-te a ti mesmo”. “Sei
que nada sei.”
* A ciência socrática resulta do método e
significa “conhecimento autêntico e racional”.
Por operar com o exame de opiniões - definições
parciais, subjetivas, confusas e contraditórias-, para chegar à definição
universal e necessária, Sócrates inicia o que Aristóteles chamará de indução:
chegar ao que é universal por meio do particular. Por realizar-se na forma de
diálogo, por produzir argumentos para mostrar que uma opinião é ou parcial, ou
confusa ou contraditória, ou mesmo errada, e por mostrar ao interlocutor do
erro cometido e da necessidade de prosseguir na investigação. A indução
socrática constitui a dialética socrática.
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era
limitada a sua própria ignorância (Só sei que nada sei.). Ele acreditava que os
atos errados eram consequência da própria ignorância. Nunca proclamou ser
sábio. Nesta perspectiva é que seu pensamento filosófico pode dividir-se em
dois conceitos básicos: A VERDADE
SÓCRÁTICA (A verdade absoluta não existe, mas, se não existe, já não há em si,
uma verdade?) e o CONHECIMENTO SOCRÁTICO (infinito).
Sócrates acreditava que o melhor modo para as
pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de
buscar a riqueza material. Convidava outros a se concentrarem na amizade e em
um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se
crescer como uma população.
Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida,
aceitou sua sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas,
pois acreditava que não podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres
humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia
que a virtude era a mais importante de todas as coisas.
Platão
Platão nasceu em Atenas no ano 428 ou 427 a.C.
Seus pais pertenciam a uma antiga e nobre descendência. teve um temperamento de
artista e filósofo ao mesmo tempo, manifestação característica e elevado do
gênio grego.
Aos 20 anos, Platão travou relações com
Sócrates, cujo ensino e amizade gozou durante oito anos. Após a morte do mestre
começou a viajar, dando um vasto giro para se instruir, através do Egito, da
Itália meridional e da Sicília. Na Sicília tentou inutilmente realizar a sua
utopia política junto à côrte de Siracusa.
Pelo ano de 368 fundava em Atenas a sua famosa
escola, que tomou o nome de academia, dedicando-se inteiramente à especulação
metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras até à morte (347 ou
348 a.C.).
A atividade literária de Platão abrange mais de
cinqüenta anos; escreveu treze cartas e trinta e seis diálogos, que representam
a obra prima de sua atividade artística e filosófica.
Platão sistematiza seu pensamento na simples
idealização de uma cidade que não existe, mas que deveria ser o modelo da
cidade ideal. Guiado pela reflexão filosófica, afirma que o bom governo depende
da virtude dos bons governantes.
Devido às grandes convulsões sociais e as
injustiças, como a derrota de Atenas na guerra contra Esparta e a condenação de
Sócratres, levam Platão a ter um descrédito pela democracia, apesar dele ser de
origem aristocrática.
Dentre todos os diálogos platônicos, aquele que talvez sintetize
com mais clareza o ponto central de sua filosofia tenha sido Timeu.
Nesta obra, Platão estabelece a famosa diferença entre o mundo
sensível (o
mundo concreto no qual vivemos) e o mundo das ideias — eidos, em grego.
Segundo o filósofo, tudo que observamos do mundo são apenas
cópias distoncidas da realidade concreta. Qualquer compreensão adequada sobre
as coisas do mundo sensível deveria abstrair as suas imperfeições e chegar até
a sua essência, chegar até o seu ideal. Por exemplo: no mundo existem diversos
tipos de cães – grandes, pequenos, claros, escuros, etc — mas apesar das
diferenças, todos eles são cães, ou seja, todos têm em si a essência do que é
um cão.
O mesmo raciocínio vale para os valores humanos. Enquanto os
sofistas afirmavam, por exemplo, que justiça e injustiça eram meras convenções,
Platão dizia que na verdade elas pareciam convenções porque havia muitas
concepções diferentes de justiça; mas, se comparássemos todas elas e
deixássemos de lado suas diferenças para olhar apenas o que nelas havia em
comum, surgiria daí a essência do que era a Justiça.
Essa noção platônica de mundo sensível e mundo inteligível
marcou época em toda a filosofia posterior e além, influenciando até mesmo
muitos pensadores do cristianismo como Santo Agostinho.
E para explicar como diferenciamos os
verdadeiros conhecimentos, ele cita o mito da caverna. No qual ele imagina uma
caverna onde os homens estão acorrentados desde a infância, de tal forma que,
não podendo se voltar para a entrada apenas enxergam o fundo da caverna.
Aí são projetadas as sombras das coisas que
passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses homens conseguissem
se soltar das correntes para contemplar à luz do dia os “verdadeiros objetos”,
quando regressasse os seus antigos companheiros o tomariam por louco, não
acreditando em suas palavras .
Então ele faz a seguinte análise separando por
dois pontos de vista: o epistemológico (relativo ao conhecimento) e o poético.
Nesta perspectiva o conhecimento humano é por
meio da teoria das ideias, que se divide em outros dois mundos: o sensível (dos
fenômenos relativos aos sentidos, da multiplicidade, do movimento ilusório,
pura sombra do verdadeiro mundo ) e o inteligível ( das ideias gerais da
verdadeira realidade, das essências imutáveis que o homem atinge pela
contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos ), e essas ideias estão
hierarquizadas, no topo está a ideia do bem, a mais alta perfeição e a mais
geral de todas: os seres e as coisas não existem senão na medida em que
participam do bem.
3)
Helenístico: Século IV
ao I a.C.
Helenismo é o nome dado ao período da
filosofia grega que se sucede à Sócrates e Platão, quando a Grécia antiga já se
encontrava sobre dominação do Império Romano, após conquista macedônica
(Alexandre, o grande).
Nesse período as PÓLIS (cidades estado
gregas) estavam em decadência, e surge um novo conceito de política, a noção de
COSMOS = MUNDO.
Ao contrário da Pólis, onde todo cidadão
(homens, livres e com posses) participava das decisões políticas, no Cosmos as
decisões centrais vinham de Roma. Cabia, então, aos gregos, dedicar-se a outros
“dons”, como a CIÊNCIA.
Neste período as ideias de um jovem
filósofo, discípulo de Platão, ficam famosas. ARISTÓTELES.
Para Aristóteles a filosofia (ciência do
conhecimento) se dividia em 3 partes: FÍSICA, ÉTICA e TEOLOGIA.
Partindo desta teoria, os SABERES DA
FILOSOFIA, isto é, a forma como as ciências se organizam, podem ser CIÊNCIAS DA
AÇÃO e CIÊNCIAS DA CONTEMPLAÇÃO.
AS CIÊNCIAS DA CONTEMPLAÇÃO:
São
as ciências As que o ser humano não pode intervir – da natureza (física,
matemática, biológicas); das coisas divinas (teologia, espírito, mitologia).
AS CIÊNCIAS DA AÇÃO:
São as ciências que interferem e fazem
parte do dia-a-dia do indivíduo. Este tipo de ciência pode ser subdividida em 2
tipos: CIÊNCIAS PRODUTIVAS – que constroem a sociedade – arquitetura, pintura,
economia, escultura, arte da guerra, arte da caça, arte da navegação, poesia,
teatro, oratória e medicina; e CIÊNCIAS PRÁTICAS (ou ciências do SABER) – que tratam do
convívio humano – que podem ser a Ética
(O indivíduo que faz o “bem” através de suas virtudes morais, como a
generosidade, a lealdade, a fidelidade, a clemência, a prudência, a amizade, a
justiça, a modéstia e a honradez) e a Política
(quando o poder ético é aplicado ao coletivo).
O conhecimento filosófico, ao contrário
da Ciência e do Senso Comum que buscam a verdade, procura a indagação, a
reflexão. Refletir é o ato de se afastar do objeto e analisá-lo de fora, sem
interferir com suas opiniões e conceitos próprios.
Com base nesta idéia, quando abordamos o
tema ETICA (a ação humana pautada em virtudes morais) podemos determinar que o
antiético é a ação através do desvio dessas virtudes, isto é, através do
defeitos, das imperfeições humanas. Deste modo temos:
VIRTUDES (ETICA)
|
DESVIOS DA VIRTUDE (ANTIÉTICA)
|
No entanto, há um
tipo de desvio que pode estar relacionado à duas virtudes A IGNORÂNCIA como
desvio do RESPEITO e da SABEDORIA. A Ignorância como desvio da Sabedoria está
relacionada ao não saber, ao ignorar algo. Já a Ignorância como desvio do
Respeito relacionado ao ato de desrespeitar, maltratar pela ação da maldade.
Sob este aspecto
podemos refletir sobre as ações humanas relacionadas ao se tratar com pessoas
diferentes: pela origem, pela cor da pele, pela aparência, pela prática
religiosa, etc.
|
BENEVOLÊNCIA
|
MALDADE
|
|
GENEROSIDADE
|
MESQUINHARIA
|
|
LEALDADE
|
TRAIÇÃO
|
|
FIDELIDADE
|
INFIDELIDADE
|
|
HONESTIDADE
|
CORRUPÇÃO
|
|
CORAGEM
|
COVARDIA
|
|
BRAVURA
|
MEDO
|
|
JUSTIÇA
|
VINGANÇA
|
|
MODESTIA
|
ARROGÂNCIA
|
|
HONRADEZ
|
DESONRA
|
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