terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Filo - Início da Filosofia

Por Patrícia Carvalho Pinheiro

FILOSOFIA = FILOS (AMOR) + SOFIA (SABEDORIA)

PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA
1)            Homérico = Século XII ao VII a.C.
Período de exaltação dos grandes heróis gregos, através do relato de mitos e lendas
Ilíada – obra que retrata a história da Guerra de Tróia e o mito sobre o herói AQUILES;
Odisseia – obra que retrata as aventuras e conquistas do herói ULISSES (Odisseu).

2)            Clássico = século V ao IV a. C.
Período do apogeu das Cidades-Estados (as Pólis). Base da filosofia (Sofistas, Sócrates e Platão)

Os mitos gregos eram recolhidos pela tradição e transmitidos oralmente pelos medos e lapsodos, cantores ambulantes que davam forma poética a esses relatos e os recitavam de cor em praça pública.
A grande aventura intelectual não começa propriamente na Grécia Continental, mas nas colônias gregas: na Jônia e na Magna, foi lá que se originou o pensar filosófico. Neste trabalho mostraremos quem eram os sofistas, o pensamento político de Platão (suas obras e legado para a Filosofia), mostraremos também que foi Aristóteles e suas formas de governo.
É um tanto difícil discorrer sobre tudo, mas tentaremos expor através de pesquisas (em livros didáticos e também livros de autoria de Platão e Aristóteles) o pensamento político grego e sua política normativa.

Os Sofistas
Os sofistas sempre foram mal interpretados devido às críticas que deles faziam Sócrates e Platão. A história da filosofia nos dá nem faz referência a eles. A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que significa “sábio”, ou melhor, “professor de sabedoria”. Mas no sentido pejorativo, significa “homem que emprega sofismas”, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má fé, com intenção de enganar.
Eles vão também elaborar teoricamente e legitimar o ideal democrático da nova classe em ascensão, a dos comerciantes enriquecidos. a virtude de uma aristocracia guerreira se opõe agora à virtude do cidadão, a maior das virtudes é a justiça e todos, desde que cidadãos da pólis, devem ter direito ao exercício do poder.
Através dessa ideia elabora uma nova educação capaz de satisfazer os ideais do homem da pólis e não mais do aristocrata, superando assim, os privilégios da antiga educação, para a qual o conhecimento só era acessível aos que pertenciam a uma linhagem de origem divina.
É bem verdade que este momento não se dirige ao povo em geral, mas a uma elite, àqueles bons oradores que poderiam, nas assembleias públicas, fazer uso da palavra livre e pronunciar discursos convincentes e oportunos. A retórica será o instrumento desse processo e os sofistas, os mestres, da nova areté política.
Os mais famosos sofistas foram: Protágoras, Górgias, Híppias, Trasímaco, Pródico , Hipódamos, etc. vindos de todas as partes do mundo grego desenvolvem um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar nenhum. Para escândalo dos seus contemporâneos costumam cobrar pelas aulas. Por esse motivo, Sócrates os acusava de prostituição.
Outra obra importante foi a sistematização do ensino. Formam um currículo de estudos: gramática – da qual foram os iniciadores – retórica e dialética.
Com o brilhantismo da participação no debate público, deslumbram os jovens do seu tempo. Desenvolvem um espírito crítico e a facilidade de expressão, mas são com freqüência acusados de superficialidade e logomaquia, ou seja, de pronunciar um discurso vazio, um palavreado oco.
Não deixaram obra escrita, apenas citações de outras filósofos, e como já vimos sempre tendenciosas.

Sócrates:
Sócrates, de origem pobre e humilde, Filho de um escultor – Sofronisco e de uma parteira – Fenareta.
Importância do Pensamento Socrático: Mudança de foco no questionamento filosófico. O homem e seu comportamento tornam-se objeto principal de sua investigação. (antropologia).
É considerado o “Pai da Filosofia”, e sua preocupação são a ética e a moral.
Para Sócrates, a Filosofia não é uma profissão (como para os Sofistas) e sim “um modo de vida”. Foi condenado à morte (tomou um veneno chamado cicuta) por acusação de corromper a juventude, violar as leis da cidade e introduzir novas divindades em Atenas. 
O Método Socrático constitui-se em contribuir para tirar o indivíduo da sua ignorância e possui duas fases:
1-Exortação: Sócrates convida o interlocutor a filosofar, a buscar a verdade.
2- Indagação: Sócrates faz perguntas, comentando as respostas e voltando a perguntar caminha com o interlocutor para encontrar a definição da coisa procurada.
Tais perguntas dividem-se em duas partes:
a) IRONIA (Eironéia ou Refutação) = Demonstrar ao indivíduo através de perguntas a sua ignorância. Mostrar que o interlocutor é cheio de preconceitos, opiniões subjetivas, imagens sensoriais acatadas, enganos, etc.
b) MAIÊUTICA (Parturição: Em grego: “arte de dar a luz”, PARTO DE “IDÉIAS”) = Provar ao homem pelo método dialógico que ele é capaz de chegar à definição do verdadeiro conceito. (Parir idéias)
• Frase Célebre: “Conhece-te a ti mesmo”. “Sei que nada sei.”
* A ciência socrática resulta do método e significa “conhecimento autêntico e racional”.
Por operar com o exame de opiniões - definições parciais, subjetivas, confusas e contraditórias-, para chegar à definição universal e necessária, Sócrates inicia o que Aristóteles chamará de indução: chegar ao que é universal por meio do particular. Por realizar-se na forma de diálogo, por produzir argumentos para mostrar que uma opinião é ou parcial, ou confusa ou contraditória, ou mesmo errada, e por mostrar ao interlocutor do erro cometido e da necessidade de prosseguir na investigação. A indução socrática constitui a dialética socrática.
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada a sua própria ignorância (Só sei que nada sei.). Ele acreditava que os atos errados eram consequência da própria ignorância. Nunca proclamou ser sábio. Nesta perspectiva é que seu pensamento filosófico pode dividir-se em dois conceitos básicos:  A VERDADE SÓCRÁTICA (A verdade absoluta não existe, mas, se não existe, já não há em si, uma verdade?) e o CONHECIMENTO SOCRÁTICO (infinito).
Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população.

Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais importante de todas as coisas.


 Platão
Platão nasceu em Atenas no ano 428 ou 427 a.C. Seus pais pertenciam a uma antiga e nobre descendência. teve um temperamento de artista e filósofo ao mesmo tempo, manifestação característica e elevado do gênio grego.
Aos 20 anos, Platão travou relações com Sócrates, cujo ensino e amizade gozou durante oito anos. Após a morte do mestre começou a viajar, dando um vasto giro para se instruir, através do Egito, da Itália meridional e da Sicília. Na Sicília tentou inutilmente realizar a sua utopia política junto à côrte de Siracusa.
Pelo ano de 368 fundava em Atenas a sua famosa escola, que tomou o nome de academia, dedicando-se inteiramente à especulação metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras até à morte (347 ou 348 a.C.).
A atividade literária de Platão abrange mais de cinqüenta anos; escreveu treze cartas e trinta e seis diálogos, que representam a obra prima de sua atividade artística e filosófica.
Platão sistematiza seu pensamento na simples idealização de uma cidade que não existe, mas que deveria ser o modelo da cidade ideal. Guiado pela reflexão filosófica, afirma que o bom governo depende da virtude dos bons governantes.
Devido às grandes convulsões sociais e as injustiças, como a derrota de Atenas na guerra contra Esparta e a condenação de Sócratres, levam Platão a ter um descrédito pela democracia, apesar dele ser de origem aristocrática.
Dentre todos os diálogos platônicos, aquele que talvez sintetize com mais clareza o ponto central de sua filosofia tenha sido Timeu. Nesta obra, Platão estabelece a famosa diferença entre o mundo sensível (o mundo concreto no qual vivemos) e o mundo das ideias  eidos, em grego.
Segundo o filósofo, tudo que observamos do mundo são apenas cópias distoncidas da realidade concreta. Qualquer compreensão adequada sobre as coisas do mundo sensível deveria abstrair as suas imperfeições e chegar até a sua essência, chegar até o seu ideal. Por exemplo: no mundo existem diversos tipos de cães – grandes, pequenos, claros, escuros, etc — mas apesar das diferenças, todos eles são cães, ou seja, todos têm em si a essência do que é um cão.
O mesmo raciocínio vale para os valores humanos. Enquanto os sofistas afirmavam, por exemplo, que justiça e injustiça eram meras convenções, Platão dizia que na verdade elas pareciam convenções porque havia muitas concepções diferentes de justiça; mas, se comparássemos todas elas e deixássemos de lado suas diferenças para olhar apenas o que nelas havia em comum, surgiria daí a essência do que era a Justiça.
Essa noção platônica de mundo sensível e mundo inteligível marcou época em toda a filosofia posterior e além, influenciando até mesmo muitos pensadores do cristianismo como Santo Agostinho.

E para explicar como diferenciamos os verdadeiros conhecimentos, ele cita o mito da caverna. No qual ele imagina uma caverna onde os homens estão acorrentados desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a entrada apenas enxergam o fundo da caverna.
Aí são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses homens conseguissem se soltar das correntes para contemplar à luz do dia os “verdadeiros objetos”, quando regressasse os seus antigos companheiros o tomariam por louco, não acreditando em suas palavras .
Então ele faz a seguinte análise separando por dois pontos de vista: o epistemológico (relativo ao conhecimento) e o poético.
Nesta perspectiva o conhecimento humano é por meio da teoria das ideias, que se divide em outros dois mundos: o sensível (dos fenômenos relativos aos sentidos, da multiplicidade, do movimento ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo ) e o inteligível ( das ideias gerais da verdadeira realidade, das essências imutáveis que o homem atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos ), e essas ideias estão hierarquizadas, no topo está a ideia do bem, a mais alta perfeição e a mais geral de todas: os seres e as coisas não existem senão na medida em que participam do bem.



3)            Helenístico: Século IV ao I a.C.
Helenismo é o nome dado ao período da filosofia grega que se sucede à Sócrates e Platão, quando a Grécia antiga já se encontrava sobre dominação do Império Romano, após conquista macedônica (Alexandre, o grande).
Nesse período as PÓLIS (cidades estado gregas) estavam em decadência, e surge um novo conceito de política, a noção de COSMOS = MUNDO.
Ao contrário da Pólis, onde todo cidadão (homens, livres e com posses) participava das decisões políticas, no Cosmos as decisões centrais vinham de Roma. Cabia, então, aos gregos, dedicar-se a outros “dons”, como a CIÊNCIA.
Neste período as ideias de um jovem filósofo, discípulo de Platão, ficam famosas. ARISTÓTELES.
Para Aristóteles a filosofia (ciência do conhecimento) se dividia em 3 partes: FÍSICA, ÉTICA e TEOLOGIA.
Partindo desta teoria, os SABERES DA FILOSOFIA, isto é, a forma como as ciências se organizam, podem ser CIÊNCIAS DA AÇÃO e CIÊNCIAS DA CONTEMPLAÇÃO.

AS CIÊNCIAS DA CONTEMPLAÇÃO:
São as ciências As que o ser humano não pode intervir – da natureza (física, matemática, biológicas); das coisas divinas (teologia, espírito, mitologia).
AS CIÊNCIAS DA AÇÃO:
São as ciências que interferem e fazem parte do dia-a-dia do indivíduo. Este tipo de ciência pode ser subdividida em 2 tipos: CIÊNCIAS PRODUTIVAS – que constroem a sociedade – arquitetura, pintura, economia, escultura, arte da guerra, arte da caça, arte da navegação, poesia, teatro, oratória e medicina; e CIÊNCIAS PRÁTICAS  (ou ciências do SABER) – que tratam do convívio humano – que podem ser a Ética (O indivíduo que faz o “bem” através de suas virtudes morais, como a generosidade, a lealdade, a fidelidade, a clemência, a prudência, a amizade, a justiça, a modéstia e a honradez) e a Política (quando o poder ético é aplicado ao coletivo).
O conhecimento filosófico, ao contrário da Ciência e do Senso Comum que buscam a verdade, procura a indagação, a reflexão. Refletir é o ato de se afastar do objeto e analisá-lo de fora, sem interferir com suas opiniões e conceitos próprios.
Com base nesta idéia, quando abordamos o tema ETICA (a ação humana pautada em virtudes morais) podemos determinar que o antiético é a ação através do desvio dessas virtudes, isto é, através do defeitos, das imperfeições humanas. Deste modo temos:

VIRTUDES (ETICA)
DESVIOS DA VIRTUDE (ANTIÉTICA)
No entanto, há um tipo de desvio que pode estar relacionado à duas virtudes A IGNORÂNCIA como desvio do RESPEITO e da SABEDORIA. A Ignorância como desvio da Sabedoria está relacionada ao não saber, ao ignorar algo. Já a Ignorância como desvio do Respeito relacionado ao ato de desrespeitar, maltratar pela ação da maldade.
Sob este aspecto podemos refletir sobre as ações humanas relacionadas ao se tratar com pessoas diferentes: pela origem, pela cor da pele, pela aparência, pela prática religiosa, etc.
BENEVOLÊNCIA
MALDADE
GENEROSIDADE
MESQUINHARIA
LEALDADE
TRAIÇÃO
FIDELIDADE
INFIDELIDADE
HONESTIDADE
CORRUPÇÃO
CORAGEM
COVARDIA
BRAVURA
MEDO
JUSTIÇA
VINGANÇA
MODESTIA
ARROGÂNCIA
HONRADEZ
DESONRA
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário