sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Geo - Ásia: Tigres e Japão.

TIGRES ASIÁTICOS
Com o recebimento de investimentos, principalmente dos USA (em meio à Guerra Fria), na década de 1970, quatro países da Ásia (Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan) apresentaram um acelerado processo de industrialização. Em razão da agressividade administrativa e da localização dos países, eles ficaram conhecidos mundialmente como Tigres Asiáticos.
O modelo industrial desses países é caracterizado como IOE (Industrialização Orientada para a Exportação), ou seja, as indústrias transnacionais que se estabeleceram nesses países e as empresas locais implantaram um parque industrial destinado principalmente ao mercado exterior.
Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan utilizaram métodos diferentes para o desenvolvimento econômico, no entanto, essas nações apresentaram aspectos comuns, como forte apoio do governo, proporcionando infraestrutura necessária (transporte, comunicações e energia), financiamento das instalações industriais e altos investimentos em educação e em qualificação profissional.
Além disso, esses países (exceto Coreia do Sul) adotaram uma política de incentivos para atrair as indústrias transnacionais. Foram criadas Zonas de Processamento de Exportações (ZPE), com doações de terrenos e isenção de impostos pelo Estado.
Diferentemente dos outros Tigres Asiáticos, a Coreia do Sul demonstrou resistência a instalações de empresas transnacionais em seu território. O desenvolvimento industrial do país baseou-se nos chaebols, que se caracteriza por redes de empresas com fortes laços familiares. Quatro grandes chaebols controlam a economia coreana e têm forte atuação no mercado internacional: Hyunday, Daewoo, Samsung e Lucky Gold Star.
Somente na década de 1980 começaram a entrar transnacionais na Coreia do Sul, entretanto estas são associadas a empresas coreanas.
Nas exportações dos Tigres predominam os produtos eletrônicos (televisores, dvds, aparelhos de som, micro-ondas), equipamentos para computadores e telecomunicações, tecidos sintéticos, roupas e veículos.

Os Novos Tigres Asiáticos.
Em consequência do grande desenvolvimento econômico dos Tigres Asiáticos, houve uma expansão para os países vizinhos do sudeste, o que proporcionou um processo de industrialização na Indonésia, Vietnã, Malásia, Tailândia e Filipinas. Além dos investimentos dos quatro Tigres originais, os novos Tigres passaram a fazer parte das redes de negócios de empresas dos Estados Unidos, do Japão e de outros países desenvolvidos.
Nesses novos Tigres foram instaladas indústrias tradicionais, como têxteis, calçados, alimentos, brinquedos e produtos eletrônicos. Nesses países há mão de obra menos qualificada que a encontrada nos quatro Tigres originais, porém, muito mais barata. Milhares de pequenas empresas produzem mercadorias sob encomenda, criadas e planejadas em outros países do mundo.

 Motivos para o crescimento:
- Estreito relacionamento entre as empresas privadas e o governo, que oferecia proteção ao mercado interno, por meio de impostos elevadíssimos para produtos importados;
- Grande incentivo às exportações oferecidas pelo governo, que implantou estratégias para atrair investimentos externos;
- Mão-de-obra barata;
- Maciços investimentos em educação e qualificação de MO.
 Entre os anos 70 e 90 o crescimento destes países era em torno de 10% a.a., Entre os anos 90 e 2000 passou à 7,5%, mas a crise dos USA desacelerou suas economias, mas o crescimento ainda existe, variando de 3 à 6% a.a.
 Motivos para a crise:
- crescimento da dívida dos países e das empresas à curto prazo;
- aumento crescente e irreal do preço dos imóveis;
- desaceleração da economia global que provocou queda das exportações e fez as indústrias reduzirem bastante sua produção.



JAPÃO
 A história do Japão é de mais de 8 mil anos. Por ser formado por mais de 3000 mil ilhas, em sua maioria vulcânicas, e, portanto, distante do continente, manteve seus aspectos de tradições culturais quase intactas.
Por séculos manteve relações comerciais com chineses e russos, mas o que não o impediu de tentar expandir territórios sob estes países, na tentativa de conquistar o continente.
Durante a expansão marítima europeia se manteve independente, e apoiou a colonização inglesa sobre a China, mas se manteve imperialista e feudal.
Somente em 1853, com os norte-americanos obrigando os japoneses a abrirem seus portos ao intercâmbio com outros países, o antigo regime entrou em convulsão e, depois de muita agitação, o governante, que era da dinastia Tokugawa, que governou por 260 anos, decidiu restituir o poder à corte do Imperador.
O monarca Mutsuhito estava então com 16 anos e, decretando o final do Feudalismo japonês, subiu ao trono como o 122º imperador, assumindo de fato a autoridade que, antes, era apenas virtual. Teve início, assim, o Período ou Era Meiji – Regime Iluminado -, que duraria quarenta e cinco anos, de 8 de setembro de 1868 a 30 de julho de 1912.
Esta etapa da história do Japão foi marcada por um veloz processo de modernização, que culminou na transformação deste país em potência planetária. Ao longo deste reinado a nação japonesa não esteve isenta de ser convertida em um mero fantoche do Ocidente, ou em uma colônia da Europa ou dos Estados Unidos.
Para evitar este destino, seu governante optou por fortalecer o Estado, constituindo-o na mesma medida em que eram estruturados os países mais desenvolvidos do Ocidente. Para alcançar este objetivo, o Imperador implementou diversos projetos políticos significativos, que decididamente converteram o Japão atrasado da Era Edo, completamente distante do resto do mundo, em um país adaptado aos tempos modernos.
O soberano concordou com o Ocidente em tomar como modelo os tratados internacionais contratados pelos xoguns das últimas eras, que compunham o que se denomina de bakufu. E também em atuar conforme os parâmetros estabelecidos pela Lei Internacional Mutsuhito.
Pouco a pouco o Japão foi sendo moldado de forma a conviver com o sistema capitalista. Sua gestão pública foi concentrada em um núcleo central; o Estado adotou a política de intervenção econômica, o que permitiu a extinção dos últimos vestígios do feudalismo, com a libertação da mão-de-obra e a absorção das inovações tecnológicas promovidas pelas grandes potências ocidentais.
Uma meticulosa reforma agrária e a renovação das leis referentes ao imposto territorial rural eliminaram os velhos feudos e as vantagens individuais. Foi criada, nesta mesma época, a moeda oficial do Japão, o iene, bem como foram instituídos o Banco do Japão, a educação primária compulsória, o fortalecimento do poder e do Estado, entre outras medidas fundamentais.
Ao mesmo tempo, o país ganhou suas primeiras universidades e um gabinete parlamentar, criado em 1885. Quatro anos depois a nação elaborou sua primeira constituição, assumindo-se, diante do mundo, como uma monarquia constitucional. O desenvolvimento da industrialização foi inevitável, e logo apareceram os impérios econômicos, baseados em grupos familiares conhecidos como zaibatsus, que estenderam seus tentáculos também ao mundo do comércio e das finanças.
O emprego de mais de 3 mil especialistas estrangeiros (chamados o-yatoi gaikokujin ou estrangeiros contratados) em várias áreas como o ensino de inglês, ciências, engenharia, o exército e a marinha etc; e o envio de muitos estudantes japoneses para intercâmbio na Europa e América. Acreditava-se que o conhecimento deveria ser buscado ao redor do mundo a fim de fortalecer as bases do domínio imperial. Esse processo de modernização foi monitorado de perto e intensamente subsidiado pelo governo Meiji, aumentando o poder das grandes zaibatsus (famílias) como a Mitsui e a Mitsubishi.
Juntos, os zaibatsu e o governo guiaram a nação, emprestando tecnologia do ocidente. O Japão gradativamente tomou controle da maior parte do mercado asiático de bens manufaturados, a começar com os têxteis. A estrutura econômica tornou-se muito mercantilística, importando matérias-primas e exportando produtos finalizados - um reflexo da relativa escassez de commodities no país.
Este avanço fez do Japão, junto com  os USA, os únicos países industrializados fora da Europa no início do século XX.
Durante a 1ªGGM o Japão só entrou na guerra para se apossar das colônias da Alemanha no Pacífico e das concessões alemãs na China.
Por não ter conseguido todas as concessões esperadas surge no governo japonês um sentimento de revanchismo contra a Inglaterra. Quando passa a desenvolver transações comerciais com a Alemanha (de domínio inglês no pós-guerra, conhece os trabalhos políticos desenvolvidos por Adolf Hitler. Na Itália se alia à Benito Mussolini em seu projeto político contra o Socialismo Russo, com quem assina o Pacto Ítalo-Germânico (1927). Em 1936 assina o Pacto Antikormintein com a Alemanha nazista. Em 1940, a aliança entre os três países foi consolidado o acordo entre eles com o Pacto Eixo: Roma-Berlim-Tóquio. O Eixo era uma aliança politica-militar que propunha a expansão territorial através da implantação da politica racial nacionalista (extermínio étnico).
A 2ª GGM também foi um marco na história do Japão.
Ao final da II Guerra Mundial, o Japão estava devastado. Todas as grandes cidades (exceto Kyoto), as indústrias e as linhas de transporte foram severamente danificadas.
As sobras da máquina de guerra japonesa foram destruídas. Cerca de 500 oficiais militares cometeram suicídio logo após a rendição incondicional, e centenas de outros foram executados por cometerem crimes de guerra.
O país perdeu todos os territórios conquistados desde 1894. As ilhas Ryukyu, incluindo Okinawa, foram controladas pelos Estados Unidos, enquanto que as ilhas Kurile, ao norte, foram ocupadas pela União Soviética.
A escassez de suprimentos continuou ainda por vários anos. Afinal, a população havia crescido mais que 2,4 vezes em relação ao começo do período Meiji, contando com 85 milhões de pessoas.
O Japão permaneceu ocupado pelos Aliados por quase sete anos após a sua rendição. As autoridades de ocupação, lideradas pelos Estados Unidos, representados pelo general Mac Arthur, empreenderam diversas reformas políticas e sociais e proclamaram uma nova constituição em 1947, que negava ao estado o direito de reconstruir uma força militar e resolver impasses internacionais através da guerra.
As mulheres ganharam o direito de votar e os trabalhadores, de se organizarem e fazerem greves.
Pela nova constituição, o imperador perde todo o seu poder político e militar, passando a ser considerado meramente um símbolo do estado. O sistema de aristocracia foi abolido e em seu lugar entrou em vigor uma espécie de monarquia constitucional sob o controle de um parlamento.
O primeiro ministro, chefe do executivo, deveria ser escolhido pelos membros da Dieta.
As relações exteriores, completamente interrompidas durante o período de ocupação americana, só foram retomadas a partir de 1951.
Nesse ano o Japão assina o Tratado de São Francisco, que lhe dá o direito de resolver seus assuntos estrangeiros e lhe devolve a soberania. Todavia, o veto à manutenção de um exército é mantido. Além disso, o Japão é obrigado a pagar indenizações aos países vizinhos agredidos por ele durante a guerra.
A reabilitação econômica do país torna-se uma das maiores preocupações do povo e dos líderes japoneses a partir daí. Com o apoio dos Estados Unidos e de outros países, o Japão integra-se a várias organizações internacionais.
Inicialmente houve um período de instabilidade, mas com a Guerra da Coréia (1950-1953) o Japão tem a oportunidade de reconstruir sua economia nacional. Na década de 60, com o apoio dos acordos comerciais, o Japão torna-se uma das principais potências econômicas e políticas, suficientemente forte para competir com as maiores potências mundiais.
Com a Guerra Fria, os EUA posicionam mais tropas no Japão e estimulam a perseguição aos comunistas e a criação de forças para autodefesa. Essas ideias foram bem-vindas pelos conservadores, mas causaram protestos e insatisfação das classes populares, dos comunistas e socialistas.
Em 1969 os americanos abandonam cerca de 50 bases militares lá instaladas, devolvendo Okinawa três anos mais tarde. O Japão foi admito à ONU em 1956, e em 1960 renova tratados com os EUA.
No mesmo ano as reparações aos países vizinhos são todas pagas. As Olimpíadas de Tóquio, em 1964, representam uma nova esperança para o povo japonês; no ano seguinte são estabelecidas relações formais com a Coréia do Sul.
Com o investindo milhões de dólares do FMI, o Japão volta aplicar em educação, desta vez, em educação tecnológica, se tornando uma das maiores potências no assunto, sendo pioneiro nos estudos com NANOTECNOLOGIA e ROBÓTICA.
As desgastadas relações diplomáticas com a China são normalizadas em 1972.
A partir de 1975, o país passa a integrar as conferências anuais com os sete países mais industrializados do planeta, o G7.
Em 1973 a crise do óleo abala a economia japonesa, que sofre um afrouxamento na expansão econômica e uma crise monetária, devido a redolarização econômica promovida pelos USA.
O primeiro ministro Kakuei Tanaka declara então “estado de urgência” para combater a crise. A reação da economia, tão dependente do óleo, foi o fortalecimento das indústrias de alta tecnologia.
A recuperação diplomática e econômica do país foi bastante auxiliada pela dominação no parlamento do conservador Partido Liberal Democrático (PLD), que dura até hoje.
A partir do começo da década de 90 o Japão firma-se como a segunda maior potência econômica mundial, acumulando saldos gigantescos no comércio exterior, principalmente nas relações comerciais com os Estados Unidos. Mesmo possuindo um grande contingente populacional, a PEA não supria as necessidades do país. Foi realizada uma política de abertura para mão-de-obra estrangeira, os chamados Dekasseguis, descendentes de japoneses.

Nos anos 2000, a crise capitalista atinge o gigante asiático. Dezenas de multinacionais passam a se instalar em mercados mais competitivos, baratos e com maior publico consumidor (os emergentes). A crise econômica estadunidense após o fracasso da Guerra ao Terror em 2008, atinge em cheio a economia japonesa, pois não encontra novos parceiros comercias. Isto gerou demissão em massa em vários setores, e o fim da política dos Dekasseguis. Após ser superado pela China, como segunda economia do mundo, hoje o Japão, assim como todo o mundo industrializado, vive crise financeira, baixo crescimento e estagnação capitalista.

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