CULTURA - A África
Por Patrícia Carvalho Pinheiro
Durante séculos o que
o “mundo” conhecia do continente africano eram os territórios que ficavam ao
norte do Deserto do Saara, conhecida como África do Norte, hoje, África Branca. Isso porque ao norte encontramos uma organização sócio-econômica
muito semelhante à do Oriente Médio,
formando um mundo islamizado. Ao
sul temos a chamada África subsaariana
ou África Negra, assim denominada pela predominância nessa região
de povos de pele escura e olhos castanhos.
A diversidade étnica desta região de África é patente nas
diferentes formas de cultura, incluindo as línguas, a música, a arquitetura, a religião, a culinária e a indumentária dos
diferentes povos do continente.
A maioria da população pertence
a etnias anteriormente classificadas na "raça negra",
mas que hoje são classificadas pelo seu grupo lingüístico. A África é provavelmente a região do mundo onde a
situação lingüística é a mais diversificada (com mais de 1000 línguas
catalogadas).
O continente africano
é palco de uma série de conflitos, conseqüência da intervenção colonialista,
principalmente no fim do século XIX e início do século XX. Esse processo de
intervenção interferiu diretamente nas condições políticas, econômicas e
sociais da população africana.
As primeiras
investidas coloniais já no século XVI ocorreu com Portugal, que acabou se
limitando à exploração de mão-de-obra escrava negra.
Pelas resoluções do
Tratado de Tordesilhas o continente africano ficaria sob os domínios lusitanos.
No entanto duas razões inviabilização a colonização do novo continente naquele
momento: as riquezas já conquistadas pelo colonizador em outras colônias (as
Índias) e a dificuldade de adentrar o território tanto para exploração
extrativista como para o desenvolvimento de plantation.
No início do século
XIV Portugal, endividada com a Inglaterra, resolveu facilitar a tomada do
território pelos ingleses.
A partir de 1815 a
França passou a conquistar territórios no continente pelo Norte (com o apoio da
Legião Estrangeira). A Inglaterra, em contrapartida, fazia a mesma investida
pelo Sul. Em 1870 chegaram a iniciar conflitos diretos pela disputa do
continente. Em 1885 foi assinado o Tratado de Berlim, conhecido como “A
Partilha da África”, onde vários países europeus dividiram “à régua” o
Continente todo.
A divisão territorial
do continente teve como critério apenas os interesses dos colonizadores
europeus, desprezando as diferenças étnicas e culturais da população local.
Diversas comunidades, muitas vezes rivais, que historicamente viviam em
conflito, foram colocadas em um mesmo território, enquanto grupos de uma mesma
etnia foram separados.
Após a Segunda Guerra
Mundial, ocorreu um intenso processo de independência das nações africanas.
Porém, novos países se formaram sobre a mesma base territorial construída pelos
colonizadores europeus, desrespeitando a cultura e a história das comunidades, conseqüentemente
inúmeros conflitos étnicos pela disputa de poder foram desencadeados no
interior desses países.
Outro fator agravante
para o surgimento desses conflitos na África se refere ao baixo nível
socioeconômico de muitos países e à instalação de governos ditatoriais. Durante
a Guerra Fria, que envolveu os Estados Unidos e a União Soviética, ocorreu o
financiamento de armamentos para os países africanos, fornecendo aparato
técnico e financeiro para os distintos grupos de guerrilheiros, que muitas vezes
possuíam – e ainda possuem – crianças que são forçadas, através de uma
manipulação ideológica, a odiarem os diferentes grupos étnicos.
São vários os
conflitos no continente africano; o que é pior, muitos deles estão longe de um
processo de pacificação. A maioria é motivada por diferenças étnicas, é o que
acontece em Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Libéria, Congo e Somália, por
exemplo. Outros por disputas territoriais como Serra Leoa, Somália e Etiópia;
questões religiosas também geram conflitos, é o que acontece na Argélia e no
Sudão. Além de tantas políticas ditatoriais instaladas, a que teve maior
repercussão foi o apartheid na África do Sul – política de segregação
racial que foi oficializada em 1948, com a chegada ao poder do Novo Partido Nacional
(NNP). O apartheid não permitia o acesso dos negros às urnas, além de não
poderem adquirir terras na maior parte do país, obrigando os negros a viverem
em zonas residenciais segregadas, uma espécie de confinamento geográfico.
Deve-se haver a
intervenção de organismos internacionais para que esse e outros problemas do
continente africano (aids, fome, economia, saúde, etc.) sejam amenizados, pois
esse processo é consequência das políticas colonialistas dos países
desenvolvidos, que após sugarem a riqueza desse povo, abandonaram o continente,
deixando uma verdadeira mazela.
O continente africano tem hoje cerca de 889 milhões de habitantes,
dos quais 500 milhões vivem na África subsaariana. Essa população tem um
crescimento populacional na ordem dos 2,5% ao ano.
Esse crescimento elevado da população tem criado
duas preocupações muito sérias:
A) a predominância de jovens na
população determina a necessidade de elevados investimentos sociais em escolas,
alimentação e tratamento médico;
B) a pressão demográfica, aliada ao
baixo nível técnico da produção agropecuária, à introdução de culturas de
rendimento para exportação e à urbanização no século XX, tem gerado graves desequilíbrios econômicos e
sociais.
De forma geral, a população da África Negra
apresenta os piores indicadores sócio-econômicos do mundo. Enquanto nos países
desenvolvidos a população morre, em média, com uma idade superior a 70 anos,
nessa parte do mundo raramente a média ultrapassa os 45 anos. Essa expectativa
média de vida tão baixa é explicada por inúmeros fatores, tais como a má
nutrição, falta de assistência médica e ausência de saneamento básico nos meios rurais.
Acordos
e Organizações Político-Econômicas pós-guerra
-
Carta
do Atlântico (1941): Estipulava o fim colonização afro-asiática, reconhecia a
autodeterminação dos povos. Foi confirmada pela Conferência de Bandung
(Indonésia) em 1955;
-
ONU
(Organização das Nações Unidas), em 1945;
-
Liga
Árabe (1945): Lutava pela independência dos países da África Branca e Oriente
Médio;
-
Israel
(fundação do Estado de Israel) em 1948;
-
Acordo
de Genebra (1954): legitimava a independência de colônias francesas na Ásia;
-
OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico Norte), 1949;
-
Pacto
de Varsóvia, em 1955;
-
OLP
(Organização para a Libertação da Palestina), em 1964.
-
Convenção
de Genebra em 1973;
Descolonização
Africana
Iniciada no pós 1ª
GGM – Egito e África do Sul;
Em 1941 é determinado
o fim da escravidão no continente;
São firmados vários
acordos de desocupação do continente após a 2ª GGM;
Grupos étnicos locais
passam a disputar o controle político em diversos países – Guerras Civis e
Genocídio;
Na África do Sul a
população branca promove o maior movimento de segregação racial da história – o
Apartheid.
Países com guerra
civil: Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Libéria, Congo e Somália;
Países com disputas
religiosas: Serra Leoa, Somália, Etiópia,
Argélia e Sudão;
HOJE: A população da
África Negra apresenta os piores indicadores sócio-econômicos do mundo.
CONCEITOS:
Etnia: Uma etnia ou um grupo étnico é uma
comunidade humana definida por afinidades linguísticas e culturais.
Estas comunidades geralmente reivindicam para si uma estrutura social, política e um território.
Povo: o povo é o conjunto
dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas que
estão vinculadas a um determinado regime jurídico, a um estado. Um
povo está normalmente associado a uma nação e pode ser constituído por diferentes etnias.
Nação: é um grupo étnico (com língua,
religião, costumes e tradição) constituem direito
de povo, isto é, tem um território em forma de governo – um Estado.
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