sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Geo - Ásia: Tigres e Japão.

TIGRES ASIÁTICOS
Com o recebimento de investimentos, principalmente dos USA (em meio à Guerra Fria), na década de 1970, quatro países da Ásia (Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan) apresentaram um acelerado processo de industrialização. Em razão da agressividade administrativa e da localização dos países, eles ficaram conhecidos mundialmente como Tigres Asiáticos.
O modelo industrial desses países é caracterizado como IOE (Industrialização Orientada para a Exportação), ou seja, as indústrias transnacionais que se estabeleceram nesses países e as empresas locais implantaram um parque industrial destinado principalmente ao mercado exterior.
Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan utilizaram métodos diferentes para o desenvolvimento econômico, no entanto, essas nações apresentaram aspectos comuns, como forte apoio do governo, proporcionando infraestrutura necessária (transporte, comunicações e energia), financiamento das instalações industriais e altos investimentos em educação e em qualificação profissional.
Além disso, esses países (exceto Coreia do Sul) adotaram uma política de incentivos para atrair as indústrias transnacionais. Foram criadas Zonas de Processamento de Exportações (ZPE), com doações de terrenos e isenção de impostos pelo Estado.
Diferentemente dos outros Tigres Asiáticos, a Coreia do Sul demonstrou resistência a instalações de empresas transnacionais em seu território. O desenvolvimento industrial do país baseou-se nos chaebols, que se caracteriza por redes de empresas com fortes laços familiares. Quatro grandes chaebols controlam a economia coreana e têm forte atuação no mercado internacional: Hyunday, Daewoo, Samsung e Lucky Gold Star.
Somente na década de 1980 começaram a entrar transnacionais na Coreia do Sul, entretanto estas são associadas a empresas coreanas.
Nas exportações dos Tigres predominam os produtos eletrônicos (televisores, dvds, aparelhos de som, micro-ondas), equipamentos para computadores e telecomunicações, tecidos sintéticos, roupas e veículos.

Os Novos Tigres Asiáticos.
Em consequência do grande desenvolvimento econômico dos Tigres Asiáticos, houve uma expansão para os países vizinhos do sudeste, o que proporcionou um processo de industrialização na Indonésia, Vietnã, Malásia, Tailândia e Filipinas. Além dos investimentos dos quatro Tigres originais, os novos Tigres passaram a fazer parte das redes de negócios de empresas dos Estados Unidos, do Japão e de outros países desenvolvidos.
Nesses novos Tigres foram instaladas indústrias tradicionais, como têxteis, calçados, alimentos, brinquedos e produtos eletrônicos. Nesses países há mão de obra menos qualificada que a encontrada nos quatro Tigres originais, porém, muito mais barata. Milhares de pequenas empresas produzem mercadorias sob encomenda, criadas e planejadas em outros países do mundo.

 Motivos para o crescimento:
- Estreito relacionamento entre as empresas privadas e o governo, que oferecia proteção ao mercado interno, por meio de impostos elevadíssimos para produtos importados;
- Grande incentivo às exportações oferecidas pelo governo, que implantou estratégias para atrair investimentos externos;
- Mão-de-obra barata;
- Maciços investimentos em educação e qualificação de MO.
 Entre os anos 70 e 90 o crescimento destes países era em torno de 10% a.a., Entre os anos 90 e 2000 passou à 7,5%, mas a crise dos USA desacelerou suas economias, mas o crescimento ainda existe, variando de 3 à 6% a.a.
 Motivos para a crise:
- crescimento da dívida dos países e das empresas à curto prazo;
- aumento crescente e irreal do preço dos imóveis;
- desaceleração da economia global que provocou queda das exportações e fez as indústrias reduzirem bastante sua produção.



JAPÃO
 A história do Japão é de mais de 8 mil anos. Por ser formado por mais de 3000 mil ilhas, em sua maioria vulcânicas, e, portanto, distante do continente, manteve seus aspectos de tradições culturais quase intactas.
Por séculos manteve relações comerciais com chineses e russos, mas o que não o impediu de tentar expandir territórios sob estes países, na tentativa de conquistar o continente.
Durante a expansão marítima europeia se manteve independente, e apoiou a colonização inglesa sobre a China, mas se manteve imperialista e feudal.
Somente em 1853, com os norte-americanos obrigando os japoneses a abrirem seus portos ao intercâmbio com outros países, o antigo regime entrou em convulsão e, depois de muita agitação, o governante, que era da dinastia Tokugawa, que governou por 260 anos, decidiu restituir o poder à corte do Imperador.
O monarca Mutsuhito estava então com 16 anos e, decretando o final do Feudalismo japonês, subiu ao trono como o 122º imperador, assumindo de fato a autoridade que, antes, era apenas virtual. Teve início, assim, o Período ou Era Meiji – Regime Iluminado -, que duraria quarenta e cinco anos, de 8 de setembro de 1868 a 30 de julho de 1912.
Esta etapa da história do Japão foi marcada por um veloz processo de modernização, que culminou na transformação deste país em potência planetária. Ao longo deste reinado a nação japonesa não esteve isenta de ser convertida em um mero fantoche do Ocidente, ou em uma colônia da Europa ou dos Estados Unidos.
Para evitar este destino, seu governante optou por fortalecer o Estado, constituindo-o na mesma medida em que eram estruturados os países mais desenvolvidos do Ocidente. Para alcançar este objetivo, o Imperador implementou diversos projetos políticos significativos, que decididamente converteram o Japão atrasado da Era Edo, completamente distante do resto do mundo, em um país adaptado aos tempos modernos.
O soberano concordou com o Ocidente em tomar como modelo os tratados internacionais contratados pelos xoguns das últimas eras, que compunham o que se denomina de bakufu. E também em atuar conforme os parâmetros estabelecidos pela Lei Internacional Mutsuhito.
Pouco a pouco o Japão foi sendo moldado de forma a conviver com o sistema capitalista. Sua gestão pública foi concentrada em um núcleo central; o Estado adotou a política de intervenção econômica, o que permitiu a extinção dos últimos vestígios do feudalismo, com a libertação da mão-de-obra e a absorção das inovações tecnológicas promovidas pelas grandes potências ocidentais.
Uma meticulosa reforma agrária e a renovação das leis referentes ao imposto territorial rural eliminaram os velhos feudos e as vantagens individuais. Foi criada, nesta mesma época, a moeda oficial do Japão, o iene, bem como foram instituídos o Banco do Japão, a educação primária compulsória, o fortalecimento do poder e do Estado, entre outras medidas fundamentais.
Ao mesmo tempo, o país ganhou suas primeiras universidades e um gabinete parlamentar, criado em 1885. Quatro anos depois a nação elaborou sua primeira constituição, assumindo-se, diante do mundo, como uma monarquia constitucional. O desenvolvimento da industrialização foi inevitável, e logo apareceram os impérios econômicos, baseados em grupos familiares conhecidos como zaibatsus, que estenderam seus tentáculos também ao mundo do comércio e das finanças.
O emprego de mais de 3 mil especialistas estrangeiros (chamados o-yatoi gaikokujin ou estrangeiros contratados) em várias áreas como o ensino de inglês, ciências, engenharia, o exército e a marinha etc; e o envio de muitos estudantes japoneses para intercâmbio na Europa e América. Acreditava-se que o conhecimento deveria ser buscado ao redor do mundo a fim de fortalecer as bases do domínio imperial. Esse processo de modernização foi monitorado de perto e intensamente subsidiado pelo governo Meiji, aumentando o poder das grandes zaibatsus (famílias) como a Mitsui e a Mitsubishi.
Juntos, os zaibatsu e o governo guiaram a nação, emprestando tecnologia do ocidente. O Japão gradativamente tomou controle da maior parte do mercado asiático de bens manufaturados, a começar com os têxteis. A estrutura econômica tornou-se muito mercantilística, importando matérias-primas e exportando produtos finalizados - um reflexo da relativa escassez de commodities no país.
Este avanço fez do Japão, junto com  os USA, os únicos países industrializados fora da Europa no início do século XX.
Durante a 1ªGGM o Japão só entrou na guerra para se apossar das colônias da Alemanha no Pacífico e das concessões alemãs na China.
Por não ter conseguido todas as concessões esperadas surge no governo japonês um sentimento de revanchismo contra a Inglaterra. Quando passa a desenvolver transações comerciais com a Alemanha (de domínio inglês no pós-guerra, conhece os trabalhos políticos desenvolvidos por Adolf Hitler. Na Itália se alia à Benito Mussolini em seu projeto político contra o Socialismo Russo, com quem assina o Pacto Ítalo-Germânico (1927). Em 1936 assina o Pacto Antikormintein com a Alemanha nazista. Em 1940, a aliança entre os três países foi consolidado o acordo entre eles com o Pacto Eixo: Roma-Berlim-Tóquio. O Eixo era uma aliança politica-militar que propunha a expansão territorial através da implantação da politica racial nacionalista (extermínio étnico).
A 2ª GGM também foi um marco na história do Japão.
Ao final da II Guerra Mundial, o Japão estava devastado. Todas as grandes cidades (exceto Kyoto), as indústrias e as linhas de transporte foram severamente danificadas.
As sobras da máquina de guerra japonesa foram destruídas. Cerca de 500 oficiais militares cometeram suicídio logo após a rendição incondicional, e centenas de outros foram executados por cometerem crimes de guerra.
O país perdeu todos os territórios conquistados desde 1894. As ilhas Ryukyu, incluindo Okinawa, foram controladas pelos Estados Unidos, enquanto que as ilhas Kurile, ao norte, foram ocupadas pela União Soviética.
A escassez de suprimentos continuou ainda por vários anos. Afinal, a população havia crescido mais que 2,4 vezes em relação ao começo do período Meiji, contando com 85 milhões de pessoas.
O Japão permaneceu ocupado pelos Aliados por quase sete anos após a sua rendição. As autoridades de ocupação, lideradas pelos Estados Unidos, representados pelo general Mac Arthur, empreenderam diversas reformas políticas e sociais e proclamaram uma nova constituição em 1947, que negava ao estado o direito de reconstruir uma força militar e resolver impasses internacionais através da guerra.
As mulheres ganharam o direito de votar e os trabalhadores, de se organizarem e fazerem greves.
Pela nova constituição, o imperador perde todo o seu poder político e militar, passando a ser considerado meramente um símbolo do estado. O sistema de aristocracia foi abolido e em seu lugar entrou em vigor uma espécie de monarquia constitucional sob o controle de um parlamento.
O primeiro ministro, chefe do executivo, deveria ser escolhido pelos membros da Dieta.
As relações exteriores, completamente interrompidas durante o período de ocupação americana, só foram retomadas a partir de 1951.
Nesse ano o Japão assina o Tratado de São Francisco, que lhe dá o direito de resolver seus assuntos estrangeiros e lhe devolve a soberania. Todavia, o veto à manutenção de um exército é mantido. Além disso, o Japão é obrigado a pagar indenizações aos países vizinhos agredidos por ele durante a guerra.
A reabilitação econômica do país torna-se uma das maiores preocupações do povo e dos líderes japoneses a partir daí. Com o apoio dos Estados Unidos e de outros países, o Japão integra-se a várias organizações internacionais.
Inicialmente houve um período de instabilidade, mas com a Guerra da Coréia (1950-1953) o Japão tem a oportunidade de reconstruir sua economia nacional. Na década de 60, com o apoio dos acordos comerciais, o Japão torna-se uma das principais potências econômicas e políticas, suficientemente forte para competir com as maiores potências mundiais.
Com a Guerra Fria, os EUA posicionam mais tropas no Japão e estimulam a perseguição aos comunistas e a criação de forças para autodefesa. Essas ideias foram bem-vindas pelos conservadores, mas causaram protestos e insatisfação das classes populares, dos comunistas e socialistas.
Em 1969 os americanos abandonam cerca de 50 bases militares lá instaladas, devolvendo Okinawa três anos mais tarde. O Japão foi admito à ONU em 1956, e em 1960 renova tratados com os EUA.
No mesmo ano as reparações aos países vizinhos são todas pagas. As Olimpíadas de Tóquio, em 1964, representam uma nova esperança para o povo japonês; no ano seguinte são estabelecidas relações formais com a Coréia do Sul.
Com o investindo milhões de dólares do FMI, o Japão volta aplicar em educação, desta vez, em educação tecnológica, se tornando uma das maiores potências no assunto, sendo pioneiro nos estudos com NANOTECNOLOGIA e ROBÓTICA.
As desgastadas relações diplomáticas com a China são normalizadas em 1972.
A partir de 1975, o país passa a integrar as conferências anuais com os sete países mais industrializados do planeta, o G7.
Em 1973 a crise do óleo abala a economia japonesa, que sofre um afrouxamento na expansão econômica e uma crise monetária, devido a redolarização econômica promovida pelos USA.
O primeiro ministro Kakuei Tanaka declara então “estado de urgência” para combater a crise. A reação da economia, tão dependente do óleo, foi o fortalecimento das indústrias de alta tecnologia.
A recuperação diplomática e econômica do país foi bastante auxiliada pela dominação no parlamento do conservador Partido Liberal Democrático (PLD), que dura até hoje.
A partir do começo da década de 90 o Japão firma-se como a segunda maior potência econômica mundial, acumulando saldos gigantescos no comércio exterior, principalmente nas relações comerciais com os Estados Unidos. Mesmo possuindo um grande contingente populacional, a PEA não supria as necessidades do país. Foi realizada uma política de abertura para mão-de-obra estrangeira, os chamados Dekasseguis, descendentes de japoneses.

Nos anos 2000, a crise capitalista atinge o gigante asiático. Dezenas de multinacionais passam a se instalar em mercados mais competitivos, baratos e com maior publico consumidor (os emergentes). A crise econômica estadunidense após o fracasso da Guerra ao Terror em 2008, atinge em cheio a economia japonesa, pois não encontra novos parceiros comercias. Isto gerou demissão em massa em vários setores, e o fim da política dos Dekasseguis. Após ser superado pela China, como segunda economia do mundo, hoje o Japão, assim como todo o mundo industrializado, vive crise financeira, baixo crescimento e estagnação capitalista.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Filo - História da Arte (Do mundo Clássico ao Renascimento).

Por Patrícia Carvalho Pinheiro

ARTE CLÁSSICA
A historia da arte Clássica é a arte e cultura dominante na Grécia antiga, entre o séc. VI e séc. IV a.C., que se estenderia pela influencia exercida na Roma antiga. Com uma sociedade menos ligada a religião, a arte que antes era encomendada para representar os deuses, encontra uma forma de ligar os homens aos deuses.
A arte Clássica grega criou uma grandeza estética e seu sistema de proporções ideais marcaram a civilização ocidental. A arte Clássica grega entra em decadência no séc. I a.C., com a arte romana tomando seu lugar. É claro que a arte romana sofreu muita influência da arte grega, mas a arte romana também criou suas própria características, como a pintura nas paredes e os estilos arquitetônicos toscano e composto.
- Os gregos antigos se destacaram muito no mundo das artes. As esculturas, pinturas e obras de arquitetura impressionam, até os dias de hoje, pela beleza e perfeição.
- Os artistas gregos buscavam representar, através das artes, cenas do cotidiano grego, acontecimentos históricos e, principalmente, temas religiosos e mitológicos. As grandes obras de arquitetura como os templos, por exemplo, eram erguidos em homenagem aos deuses gregos.

A arquitetura grega antiga pode ser dividida em três estilos:
1 – Coríntio -  pouco utilizado pelos arquitetos gregos, caracterizava-se pelo excesso de detalhes. Os capitéis
as colunas eram, geralmente, decorados com folhas.
2 – Dórico - estilo com poucos detalhes, transmitindo uma sensação de firmeza.
3 – Jônico - este estilo transmitia leveza, em função dos desenhos apresentados, principalmente nas colunas das construções. Outra característica deste estilo era o uso de base circular.

LITERATURA
As obras da literatura grega antiga são datadas entre o séc. VIII a.C. e o séc. IV d. C., ou seja, aproximadamente 1200 anos de tradição literária ininterrupta. Dividida em 3 fases: ARCAÍCA, CLÁSSICA, HELENÍSTICA.

1) Período Arcaico (séc. VIII-VI a.C.)
No período arcaico da história grega aparecem dois importantes gêneros literários, que terão continuidade até os dias de hoje, a poesia épica e a poesia lírica.
A Poesia Épica (séc. VIII a.C): se conservam nela reminiscências que remontam à Guerra de Tróia e à época micênica (séc. XII a.C.). É poesia épica a epopéia homérica, representada nos dois poemas atribuídos a Homero, a Ilíada e Odisséia.
Tradicionalmente vinculada a poesia épica está também a Teogonia, de Hesíodo, e seu poema didático, Os Trabalhos e os Dias.
- A Poesia "Lírica" (séc. VII e VI a.C.): Representada por autores como Alceu, Safo, Estesícoro, Alcmano, etc...
Surge junto com a filosofia dos pré-socráticos (Tales, Heráclito, Parmênides, Demócrito, etc...).
Os textos de filosofia são as primeira obras em prosa que temos dos gregos, embora alguns filósofos também utilizassem a poesia. A poesia era a única forma de expressão literária.

2) Período Clássico (séc. V-IV a.C.)
Tradicionalmente o período é delimitado por dois acontecimentos marcantes. Se inicia em 480 a.C., com a vitória dos gregos sobre os persas. E finaliza em 338 a.C., com Filipe da Macedônia, o pai de Alexandre, conquistando Atenas.
- séc. V a.C.: O chamado "Século de Péricles", quando Atenas é a mais importante cidade e grande centro cultural da Grécia.
Temos nas letras o desenvolvimento do Teatro, dentro do qual se destaca a tragédia, com os três grandes autores, Ésquilo, Sófocles, Eurípides, e da História, com Heródoto e Tucídides.
- séc. IV a.C: É quando surge a filosofia de Platão e Aristóteles, a Comédia chega ao seu ápice com Aristófanes e a Oratória ganha destaque com Ésquines e Demóstenes.

3) Período Helenístico (338 a.C - 30 a.C) e Greco-Romano
Se inicia com a hegemonia macedônica sobre a Grécia, devido as conquistas de Alexandre, o Grande. Outros centros de atividade, como Alexandria e Pérgamo, substituem Atenas.
Novos gêneros são criados, como a novela. Roma conquista a Grécia e recebe sua influência, que transmite para o mundo, especialmente nas regiões orientais.
Autores como Apolodoro (mitógrafo), Menandro (comediógrafo), Calímaco (poeta lírico), são representativos dessa época. 
A épica ressurge com Apolônio de Rodes, autor da Argonautica. É nesse período que, primeiro, o Velho Testamento é traduzido do hebraico para o grego e, mais tarde, o Novo Testamento é escrito em grego koiné, um dialeto derivado do grego ático.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ARTE CLÁSSICA: CRIATIVIDADE, PARTICULARIDADE, UNIVERSALIDADE
1º) CRIATIVIDADE: uma extraordinária capacidade de invenção, de descoberta, de renovação. Nela se vê surgir muitos gêneros literários novos: lírica, tragédia, comédia, história, filosofia, biografia, novela. Esta capacidade criativa paradoxalmente aparece em uma região muito pequena, à margem das grandes civilizações orientais, como o Egito e a Pérsia. Portanto, esta literatura que hoje chamamos de "clássica" não foi nada estável ou imóvel em sua época.
2º) PARTICULARIDADE: uma literatura fortemente ancorada na vida coletiva grega. O autor é antes de tudo um membro de sua comunidade, e mais tarde, um cidadão de sua cidade, e cria para ela. A vida política está fortemente presente nas obras da literatura grega, e por esse motivo sempre devemos nos ocupar do seu contexto histórico.
3º) UNIVERSALIDADE: a pesar dessa particularidade, a literatura grega antiga apresenta um aspecto mítico, no sentido de tocar em temas fundamentais da existência humana. Sua força simbólica continuou agindo sobre leitores distantes no tempo e no espaço, pois levanta questões que transcendem os limites da sua particularidade. Os mitos gregos tem ligações com experiências e sentimentos pré-históricos e que constituem patrimônio de toda a Humanidade. É uma das portas a este fundo humano e, se não é a única via de acesso a esta experiência ancestral, já que temos as vias da literatura oriental ao seu lado, é a mais bem documentada. Em toda obra grega encontramos questões que transcendem os limites do tempo e do espaço, como Morte/Vida, Família, Sexualidade, Indivíduo/Coletividade, Dor/Prazer, Violência/Paz, etc...


A ARTE MEDIEVAL
TEOCENTRISMO = Deus como centro
O homem via Deus como centro do universo e praticamente toda a produção artística era religiosa. A arquitetura, pintura e as esculturas representavam cenas bíblicas, anjos e santos.

A LITERATURA MEDIEVAL
Introdução
Uma das principais características da literatura na Idade Média é a importância dada aos temas religiosos. Os textos e livros eram escritos principalmente por monges e integrantes do alto clero (bispos, arcebispos, papa). Como a maioria da população não sabia ler na Idade Média, esta literatura ficava restrita aos integrantes do clero e membros da nobreza.
Principais características da Literatura Medieval:
- Abordagem de temas religiosos: vida de santos, alma humana, moral cristã, existência de Deus, passagens da Bíblia Sagrada, interpretações religiosas de aspectos cotidianos, etc.
- Influência da filosofia grega, principalmente dos filósofos Aristóteles e Platão. 
- Textos escritos em latim.
- Livros feitos à mão e copiados (reproduzidos) pelos monges copistas. 
- Usavam o pergaminho para escrever os textos.
- Os livros eram ilustrados com iluminuras (desenhos feitos nas margens).
- A partir do século XII começam ser escritos textos relatando feitos heroicos, guerras e batalhas, Cruzadas e a vida dos cavaleiros medievais. Neste contexto, destaca-se o Ciclo Literário Arturiano, que se refere ao Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.
Trovadorismo
O trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII e destacou-se pelas cantigas de amor, de escárnio, de maldizer e de amigo. Os mais importantes trovadores deste período foram: Paio Soares de Taveirós, Dom Dinis e Dom Duarte. 
Principais escritores medievais:
 - Boecio
- Geoffrey Chaucer
- Giovanni Boccaccio
- Santo Agostinho
- São Tomás de Aquino
- Paio Soares de Taveirós
- Dante Alighieri


O ESTILO GÓTICO
Os séculos XI e XII são séculos de mudanças sociais, políticas e económicas que em muito vão fazer despoletar as necessidades de uma expressão artística mais adequada às novas premissas sociais.
O comércio está em expansão e a Flandres, como centro das grandes transações comerciais, leva ao desenvolvimento das comunicações e rotas entre os diversos povos e reduz as distâncias entre si, facilitando não só o comércio de bens físicos, como também a troca de ideais estéticos entre os países. A economia prospera e nasce um novo mundo cosmopolita que se alimenta do turbilhão das cidades em crescimento e participa de um movimento intelectual em ascensão.
Paralelamente assiste-se ao crescimento do poder político representado pelo monarca e à solidificação do Estado unificado, poderosa entidade que vai aspirar a algo que lhe devolva a dignidade e a glória de outros tempos e que ajude a nação a apoiar a imagem do soberano .
A igreja, por seu lado, vai compreender que os fiéis se concentram nas cidades e vai deixar de estar tão ligada à comunidade monástica, virando-se agora para o projeto do que será o local por excelência do culto religioso, a catedral. Ao contrário da construção humilde e empírica do românico, a construção religiosa gótica abre portas a um espaço público de ensinamento da história bíblica, de grandiosidade, símbolo da glória de Deus e da igreja, símbolo do poder económico da burguesia, do estado e de todos os que financiaram a elevação do emblema citadino.
Quando a nova estética se expande além das fronteiras francesas, a sua origem vai ser a base para a sua designação, art français,francigenum opus (trabalho francês) ou opus modernum (trabalho moderno). Mas vai ser só quando o Renascimento toma o lugar da linguagem anterior que os novos valores vão entrar em conflito com os ideais góticos e o termo actual nasce. Na Itália do século XVI , e sob a fascinação pela glória e cânones da antiguidade clássica, o termo gótico vai ser referido pela primeira vez por Giorgio Vasari, considerado o fundador da história da arte. Aos olhos deste autor e dos seus contemporâneos, a arte da Idade Média, especialmente no campo da arquitetura, é o oposto da perfeição, é o obscuro e o negativo, relacionando-a neste ponto com os godos, povo que semeou a destruição na Roma Antiga em 410. Vasari cria assim o termo gótico com fortes conotações pejorativas, designando um estilo somente digno de bárbaros e vândalos, mas que nada tem a ver com os antigos povos germânicos (visigodos e ostrogodos).
Somente alguns séculos mais tarde, durante o romantismo nas primeiras décadas do século XIX, vai ser valorizada a filosofia estética do gótico. A arte volta-se novamente para o passado, mas agora para o período misterioso e desconhecido da Idade Média. Goethe, também fascinado pela imponência das grandes catedrais góticas na Alemanha, vai acabar por ajudar ao impulso desta redescoberta da originalidade do período gótico, exprimindo as emoções que lhe são despertas ao admirar os gigantes edifícios de pedra.
Neste momento nasce o neogótico que define e expande o gosto pela utilização de elementos decorativos góticos e que reconhece pela primeira vez as diferenças artísticas que separam o estilo românico do gótico.

O BARROCO
O barroco se desenvolve no seguinte contexto histórico: após o processo de Reformas Religiosas, ocorrido no século XVI, a Igreja Católica havia perdido muito espaço e poder.
Mesmo assim, os católicos continuavam influenciando muito o cenário político, econômico e religioso na Europa.
A arte barroca surge neste contexto e expressa todo o contraste deste período: a espiritualidade e teocentrismo da Idade Média com o racionalismo e antropocentrismo que culminaria no Renascimento.
O barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na literatura, no teatro e na música. O berço do barroco é a Itália do século XVII, porém se espalhou por outros países europeus como, por exemplo, a Holanda, a Bélgica, a França e a Espanha. O barroco permaneceu vivo no mundo das artes até o século XVIII. Na América Latina, o barroco entrou no século XVII, trazido por artistas que viajavam para a Europa, e permaneceu até o final do século XVIII.
Barroco = A palavra deriva do espanhol Barueco, que significa pérola irregular.
O Barroco brasileiro foi totalmente influenciado pelo barroco português.
A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidade auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam um intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento.
O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa.
Sua obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil. Podemos citar algumas obras de Aleijadinho:
Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença.


RENASCIMENTO
As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.
Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem  pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas... Leonardo, Michelangelo, Rafael e Donatello.
O período do Renascimento Cultural ou Renascença marca a divisória entre a Idade Média, a dita "era das trevas", da "idade da luz", que seria a Idade Moderna. Embora costuma-se ler nos livros de história do ensino médio e fundamental, que o Renascimento fora uma época que abarcou os séculos XV e XVI, alguns historiadores preferem dizer que na realidade o Renascimento não durou um século em si, mas fora um processo que iniciou-se por volta do final do século XIII e se estendeu até os fins do século XVI ou em alguns casos até mesmo nos idos do século XVII. De qualquer forma, este recorte temporal que abrange mais de três séculos, não perfaz um progresso contínuo, essencialmente a renascença fora de caráter profundamente local, ficando quase que restrita as cidades italianas, fato este que se elaborarmos uma lista simples de dez artistas renascentistas, pelos menos oito serão italianos ou os próprios dez serão italianos. Isso não significa que a influência artística do renascimento não se espalhou por outras terras, ela se espalhou mas, de forma lenta e não gradativa.
O movimento surgiu nas cidades-estados italianas e, graças a seus humanistas e artistas, matemáticos e engenheiros, banqueiros e homens de negócios, a península itálica foi vanguarda dessa revolução cultural que dali se estendeu para o resto da Europa.
Locais como a França, Espanha, Alemanha, Países Baixos, e posteriormente, Portugal e Inglaterra, foram as nações que tiveram influencia dos ideais artísticos e culturais dos italianos. Mas isso não foi algo que ocorreu num dia para o outro, houve em alguns lugares rejeições a este ideal artístico, alguns dos motivos serão visto mais a frente, e m outros casos, a falta de recursos, de mecenas para patrocinar estes artistas era um problema que não levava a ida destes artistas para estes locais, os quais preferiam viver nas cidades italianas, em contra partida, os artistas destas outras nações que queriam seguir estes ideais, tinham que ir estudar na Itália ou até mesmo viver nesta.
Fatores importantes para compreender o contexto da Renascença: primeiro, as cidades italianas foram as precursoras e difusoras do renascimento, mas para que isso viesse acontecer muito teve que ocorrer. Antes das cidades começarem a se revigorar no século XIII, os séculos XI e XII foram marcados pelas cruzadas, por mais que tenham sido fracassadas em sua missão principal que era reconquistar a Terra Santa das mãos dos muçulmanos, as nove cruzadas e os vários anos de guerra, gerou riqueza e miséria para alguns, alguns territórios acabaram de fato sendo conquistados pelos cruzados, e isso permitiu que portos antes não acessíveis para os mercadores cristãos, agora lhes fosse acessíveis; Segundo, o comércio a partir do das primeiras décadas do século XIII voltou a fluir cada vez mais nos principais portos da Itália, e logo foi se estendendo para outras nações de forma mais lenta. As cidades de Florença, Siena, Veneza, Gênova começaram a se destacar nesta época. Mas, nem tudo era uma paz duradoura. O historiador francês Fernand Braudel, demonstra em seus trabalhos, que a Itália vivenciou períodos de paz e prosperidade, e períodos de guerra e decadência, entre dos séculos XIV ao XVI. Foi neste contexto turbulento que Maquiavel escreve o seu famoso O Príncipe, e será em meio às guerras, que Leonardo da Vinci aparecerá por seu trabalho como engenheiro militar.
Se por um lado a guerra e a paz marcaram as diretrizes destas cidades pelos séculos seguintes, no setor econômico, militar, politico e financeiro, a influência para as artes veio de uma reforma realizada no setor educacional e se assim posso chamar, no campo da tradução, e no direito. O século XII, marca uma renovação no campo das letras, algo que ainda ficou restrito ao clero e a poucos nobres, em geral da nobreza aos pobres, grande parte da população europeia era analfabeta. Mesmo assim, houve uma crescente fundação de novas escolas (apenas os nobres e abastados podiam estudar nestas escolas), houve uma revigoração nas leis, passou-se a se utilizar cada vez mais os preceitos legislativos, executivos e judiciários do direito romano, até então o direito romano já era utilizado, mas este dividia espaço com o direito canônico que ainda permaneceria e o direito comum, ou seja, o direito referente a cada povo. A utilização do direito romano e a ampliação de sua abrangência contribuiu para acertar brechas nas leis, e problemas legais, já que cada povo queria ser julgado por suas próprias leis, e neste caso, na Europa medieval o poder e a legislação eram bem fragmentados. Mas, outro ponto interessante que vem deste fator e a importância dada aos políticos, a história e até mesmo a literatura romana, fatores que seriam resgatados mais tarde e originaria a Renascença política.
No campo da tradução, o acesso aos documentos árabes, conquistados na Península Ibérica ao longo da Reconquista e nas Cruzadas, ajudou a introduzir novos conhecimentos nos campos das ciências, literatura, filosofia e politica. Os árabes eram exímios compiladores, e copiaram muitos dos textos da Antiguidade, como dos gregos, romanos, egípcios, hebreus, persas etc. O conhecimento adquirido por estes passou as ser "compartilhado" com o Ocidente. 
Nas artes o estilo gótico predominaria no setor sacro, seja na arquitetura, pintura, iluminura, escultura etc. O gótico seria bem visível nas grandiosas e complexas catedrais medievais. Sua aceitação no gosto eclesiástico, e popular, barrou a expansão da arte renascentista em alguns locais. 


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Filo - Bioética

Por Patrícia Carvalho Pinheiro
BIOÉTICA
O termo "Bioética" foi utilizado pela primeira vez pelo pastor protestante alemão Paul Max Fritz Jahr, (1895-1953) em 1927 em um artigo de editorial da revista Kosmos.
Na década de 1970 o termo é relacionado com o objetivo de deslocar a discussão acerca dos novos problemas impostos pelo desenvolvimento tecnológico, de um viés mais tecnicista para um caminho mais pautado pelo humanismo, superando a dicotomia entre os fatos explicáveis pela ciência e os valores estudáveis pela ética. A biossegurança, a biotecnologia e a intervenção genética em seres humanos, além das velhas controvérsias morais como aborto e eutanásia, requisitavam novas abordagens e respostas ousadas da parte de uma ciência transdisciplinar e dinâmica por definição.
Bioética é um campo disciplinar compromissado com o conflito moral na área da saúde e da doença dos seres humanos e dos animais não-humanos, seus temas dizem respeito a situações de vida que nunca deixaram de estar em pauta na história da humanidade.
As diretrizes filosóficas dessa área começaram a consolidar-se após a tragédia do holocausto da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas abusivas de médicos nazistas em nome da ciência, cria um código para limitar os estudos relacionados. Formula-se aí também a ideia que a ciência não é mais importante que o homem. O progresso técnico deve ser controlado para acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que eles podem ter no mundo e na sociedade para que as novas descobertas e suas aplicações não fiquem sujeitas a todo tipo de interesse.
O termo também foi mencionado em 1971, no livro "Bioética: Ponte para o Futuro", do bioquímico e oncologista americano Van Rensselaer Potter. Este livro é o primeiro marco na tentativa de se estabelecer conceitos bioéticos. Pouco tempo depois, uma abordagem mais incisiva da disciplina foi feita pelo obstetra holandês Hellegers.
Em outubro de 2005, a Conferência Geral da UNESCO adotou a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, que consolida os princípios fundamentais da bioética e visa definir e promover um quadro ético normativo comum que possa a ser utilizado para a formulação e implementação de legislações nacionais.
Mais que uma metaética, a bioética transpõe-se a um movimento cultural: é neste humanismo que se pode englobar conceitos entre o prático biodireito e o teórico biopoder. É desta maneira que sua constante revisão e atualização se torna uma característica fundamental.

TEMAS COMTEMPORÂNEOS: Aborto, Aborto de Anencéfalos, Pesquisa com Células Tronco, Transgênicos, Eugenia, Transplantes, Eutanásia, Clonagem, Fertilização em vitro, Testes em animais.

ABORTO
No Brasil, o aborto é considerado como crime contra a vida humana pelo Código Penal Brasileiro, em vigor desde 1984, prevendo detenção de um a quatro anos, em caso de aborto com o consentimento da mulher, e de três a dez anos para quem o fizer sem consentimento. Porém, não é qualificado como crime quando praticado por médico capacitado em três situações: quando há risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gravidez é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico (desde decisão do STF pela ADPF 54, votada em 2012, que descreve a prática como "parto antecipado" para fim terapêutico). Nesses casos, o governo Brasileiro fornece gratuitamente o aborto legal pelo Sistema Único de Saúde. Essa permissão para abortar não significa uma exceção ao ato criminoso, mas sim uma escusa absolutória. Também não é considerado crime o aborto realizado fora do território nacional do Brasil, sendo possível realizá-lo em países que permitem a prática. Existe grande esforço por parte da população considerada pró-escolha de tornar legal o aborto no Brasil como escolha da gestante, sendo um dos argumentos utilizados o de que manter a prática ilegal não evita que o aborto seja realizado mas faz com que as mulheres recorram a meios alternativos e inseguros de fazê-lo. Porém, a maior parte da população do país declara ser contra a prática, concordando com a situação atual. Existe ainda quem queira a sua proibição em todos os casos.A descriminalização do aborto leva em consideração dois aspectos morais, um religioso (sobre quem tem direito à vida) e outro político-econômico que define quem se beneficiaria com a legalização do aborto (além dos Planos de Saúde), já o atendimento gratuito pelo SUS à mulheres pobres seria dificultado pela ineficiência do Serviço Público de Saúde no Brasil.

EUGENIA
Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente".2 O tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento da eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de "pureza racial", a qual culminou no Holocausto. Mesmo com a cada vez maior utilização de técnicas de melhoramento genético usadas atualmente em plantas e animais, ainda existem questionamentos éticos quanto a seu uso com seres humanos, chegando até o ponto de alguns cientistas declararem que é de fato impossível mudar a natureza humana.
O termo "eugenia" é anterior ao termo "genética", pois este último só foi cunhado em 1908, pelo cientista William Bateson. Numa carta dirigida a Adam Sedgewick, datada de 18 de Abril de 1908, Bateson usou pela primeira vez o termo genética para descrever o estudo da variação e hereditariedade.
Desde seu surgimento até os dias atuais, diversos filósofos e sociólogos declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a discriminação de pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as pessoas como aptas ou não aptas para a reprodução.
O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a ter um movimento eugênico organizado. A Sociedade Eugênica de São Paulo foi criada em1918. O movimento eugênico brasileiro foi bastante heterogêneo, trabalhando com a saúde pública e com a saúde psiquiátrica. Uma parte, que pode ser chamada de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas como saneamento e higiene, sendo esses esforços sempre aplicados em relação ao movimento racial.
Em 1931, foi criado o Comitê Central de Eugenismo, presidido por Renato Ferraz Kehl e Belisário Penna.
Propunha o fim da imigração de não brancos, e "prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração". Medidas que visavam a impedir  miscigenação, higienismo e eugenismo se confundem, no Brasil.
A Revista Brasileira de Enfermagem passa por três fases em relação à eugenia; conceituação (1931-1951), conflitos éticos, legais e morais (1954-1976), e eugenia como tema do começo do século XX (1993-2002). Expressa três categorias de conceitos:
·                 1 - luta pelo aperfeiçoamento eugênico do povo brasileiro
·                 2 - responsabilidade do enfermeiro em relação ao tema
·                 3 - não há solução para os males sociais fora das leis da biologia.
A ciência de Galton, no início do século XX, teve muitos adeptos no Brasil, principalmente nos meios letrados. E entre os intelectuais eugenistas brasileiros que mais se empenharam na organização e divulgação do movimento destacam-se: Belisário Penna (1868-1939),Edgar Roquette-Pinto (1884-1954), Monteiro Lobato (1882-1948), Octávio Domingues (1897-1972), Oliveira Viana (1883-1951) e Renato Kehl (1889-1974).

TRANSGENIA
Fora do universo humana surge o conceito de transgenia. Plantas ou animais transgênicos são aqueles que tiveram seu patrimônio genético alterado com a introdução de genes de outras espécies que não a sua. Isto ocorre através da introdução de um gene de interesse no núcleo de uma célula ou óvulo já fecundado.
A utilização de vegetais ou animais transgênicos tem sido amplamente difundido para a produção de alimentos. Muitos benefícios poderão surgir com a associação de ambas técnicas, sendo um dos principais a possibilidade de redução de tempo e custo na produção em série de produtos biológicos. Porém, várias questões éticas podem ser levantadas sobre o impacto da introdução de variantes genéticas artificialmente produzidas.
  • É adequado utilizar animais em experimentos deste tipo?
  • Quais serão as consequências evolutivas e ambientais deste tipo de manipulação  genética?
  • Qual o direito de realizar experimentos nestas áreas, alterando definitivamente materiais genéticos, com objetivos claramente comerciais?
  • Como fica o Princípio da Justiça, com relação aos aspectos de acesso a este tipo de produtos, tendo em vista que o patrimônio genético é considerado como um bem comum à toda humanidade?
  • Uma das características fundamentais da ciência é a discussão e a reflexão sobre o conhecimento gerado. Como ficam preservados os aspectos científicos dos experimentos realizados, quando a divulgação leiga ocorre simultaneamente a publicação do relato em revistas científicas (caso Dolly), ou até mesmo anteriormente (caso Polly)?
  • Como os profissionais da saúde poderão lidar com a ansiedade dos pacientes e seus familiares na busca de utilizar este recursos terapêutico ainda não disponível?
  • Quais consequências para a saúde humana pelo excessivo consumo de produtos transgênicos (ainda não há pesquisas relevantes sobre o assunto).
Estas questões merecem ser amplamente discutidas por toda a comunidade leiga e científica.

EUTANÁSIA
Eutanásia sempre gerou muita polêmica no Brasil, pois inflama paixões de ambos os lados, porquanto aqueles que a defendem, esgrimam com argumentos que são relevantes, todavia jamais decisivos, de forma a trazer segurança, inclusive jurídica para sua prática.
Hoje, no Brasil a eutanásia é crime, podendo caracterizar o ilícito penal de várias formas, vejamos uma delas; caso um terceiro, médico ou familiar do doente terminal lhe dê a morte, estaremos diante do homicídio, que, eventualmente teria tratamento penal privilegiado, atenuando-se a pena, pelo relevante valor moral que motivou o agente, assim o juiz poderia reduzir a pena de um sexto a um terço.
Esse homicídio, mesmo privilegiado, não leva em conta, se houve ou não consentimento da vítima para descaracterizar o crime, aliás, mesmo em havendo tal consentimento, se haveria de desconfiar sobre sua lucidez e independência para decidir sobre a própria vida.
Neste particular fica fácil entender porque alguém doente, terminal ou não, mas que sofre dores atrozes, pede a morte, mesmo sem pretender morrer, objetivando somente aliviar aquele sofrimento. O parâmetro é quando uma leve enfermidade nos arrebata e embora não seja incurável, terminal ou extremamente dolorosa, basta alguma dor, para o desespero alucinar o raciocínio.
Outra forma de crime eutanásico é quando o terceiro auxilia o próprio doente para que este se lhe dê a própria morte. Trata-se da modalidade criminosa do auxílio ao suicídio, pois pune-se alguém que estimulando, induzindo ou auxiliando, colabora para que o doente se mate. Neste exemplo, as formas de colaboração são as mais diversas, desde o fornecimento de uma arma, até a colocação de equipamentos vitais, ao alcance do doente, que ao desligá-lo vem a falecer. A instigação e o induzimento, embora de prova difícil, poderá ser determinante para que a eutanásia se consume.
Assim, a única forma que a legislação atual brasileira não pune, é quando o doente, absolutamente sozinho se mata, por iniciativa e vontade própria, neste caso, nem mesmo a tentativa pode ser punida, uma vez que se o agente quer se dar a pana máxima, de nada adiantaria lhe atribuir uma punição para que não reitere nessa conduta.
Sobre os aspectos éticos são considerados alguns fatores:
·         questiona-se o critério de morte iminente e inevitável, questiona-se o critério da irreversibilidade do estado do paciente, bem como da doença incurável, pois o que é incurável hoje poderá ter cura amanhã, o que é irreversível hoje, poderá reverter amanhã e o momento da morte, por mais iminente e inevitável, pode ser adiado indefinidamente, inclusive com melhora do estado de saúde, por fatores que os médicos e a humanidade não tem condições de determinar.
·         Outra questão que precisa ser focada é a de que a vida tem necessariamente de ser útil, produtiva, eficaz, plena, viável, enfim, uma série de adjetivos criados por uma sociedade global que não tem tempo, nem paciência de cuidar e tratar de seus doentes inúteis ao mercado predatório do consumo. Ora a vida é Dom de Deus e assim sendo, ela se basta, não precisando ter qualquer adjetivação, o que satisfaz a natureza humana é estar vivo, na condição de saúde que for, porquanto no plano religioso, jamais teremos condições de entender os desígnios do Criador, restando-nos, portanto, apenas viver, brindados que fomos com a dádiva maior que, insisto, é a própria vida.
·         O tráfico de órgãos humanos seria a última abordagem que me leva a reiterar o risco da legalização da eutanásia, pois qualquer pessoa enferma deve ser vista como alvo de tratamento, jamais como prateleira de órgãos humanos prontos a servir quem melhor oferta fizer, mesmo que tal custe a vida daquele miserável. O mundo vem conhecendo essas máfias e a legalização da eutanásia seria um belo serviço prestado a essa modalidade de crime.
·         Por último, em caso de descriminalização da Eutanásia, a quem caberia a incumbência de desligar aparelhos e se responsabilizar por cessar a vida de outro ser humano: o médico, alguém da família....a quem seria destinada esta missão de culpa.

TESTES EM ANIMAIS
Animais servem de cobaias para testes de medicamentos, vacinas, cosméticos e até produtos de limpeza que podem ser feitos de diversas maneiras. Porquinhos-da-índia, camundongos, coelhos e macacos são os animais mais utilizados pelos cientistas, mas, em alguns casos, também se recorre a cães, porcos e até baratas. Os bichos que participam das experiências são criados em viveiros chamados biotérios e geralmente são sacrificados após o estudo. Os defensores dos direitos dos animais repudiam esses testes, afirmando que são cruéis e inúteis, mas os cientistas argumentam que, sem eles, os avanços da medicina seriam fortemente prejudicados.
A Câmara dos Deputados aprovou em junho deste ano, o projeto de lei que veta o uso de animais em testes de laboratório para a produção de cosméticos. O projeto ainda será analisado pelo Senado.
A proposta proíbe a utilização de animais em atividades de ensino, pesquisa e teste laboratoriais para o desenvolvimento de produtos cosméticos para humanos.
A pedido do Governo foi incluída uma exceção que diz que no caso de novas substâncias que ainda não sejam de total conhecimento, os animais poderão ser usados por um período de cinco anos.
O projeto prevê multas de R$50 mil a R$500 mil para as instituições que aplicarem os testes. Pessoas físicas envolvidas nas transgressões também podem ser penalizadas, com multas de R$1 mil a R$50 mil.
Para todas as pesquisas e testes em que o uso de animais é liberado, como as de novas drogas, os bichos terão de estar sob efeito de anestesia caso sejam submetidos a "vários procedimentos traumáticos". O animal ainda terá de ser sacrificado antes de recobrar a consciência.
O autor da proposta, o deputado Ricardo Izar (PSD-SP), diz que o País tem feito pouco para evitar o sofrimento de animais em pesquisas, e por isso coube ao Legislativo tomar a iniciativa de atuar na questão.
O projeto de lei foi apresentado na Câmara em outubro, logo após um grupo de ativistas invadir o Instituto Royal em São Roque (SP) para resgatar cachorros da raça beagle usados em testes laboratoriais.
No começo do ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sancionou lei que proíbe a utilização de animais na produção de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes no estado de São Paulo. O projeto não proíbe os testes em animais na indústria farmacêutica.

A nova lei não deve ter impacto para as grandes empresas. As principais marcas brasileiras de cosméticos, como O Boticário e Natura, já não praticam esses testes, e o uso de animais tende a se concentrar mais em pequenas empresas.