Diversidade Brasileira
Por Patrícia Carvalho Pinheiro
As pesquisas
científicas afirmam que só existe uma única espécie de ser humano = homo
sapiens sapiens, e que qualquer variação genética na espécie é de uma
variabilidade de 93%, o que não caracterizaria uma subespécie, isto é, raças de
humanos.
No entanto,
socialmente, o conceito de raça é bastante comum na distinção de grupos étnicos
populacionais, sendo, comumente distinguidos por 4 grandes grupos de raças
humanas: brancos, negros, amarelos e indígenas.
Embora esta distinção
racial não seja geneticamente aceita, sociologicamente é importante
compreendê-la. Surgiu após a descoberta de novos continentes, que não o
europeu, devido a necessidade do homem branco europeu em afirmar sua superioridade
étnica diante de novos grupos populacionais. Assim surgem os conceitos de
PRIMITIVIDADE E CIVILIDADE. O homem branco europeu se enxerga como “civilizado”
(indivíduo dotado de senso civil e de organização social) em contrapartida aos
povos “primitivos” (sem noções de civilidade) existentes em outros continentes.
Na distinção entre
civilizados e primitivos nasce o conceito de RAÇA: grupo de indivíduos humanos
que pertencem a uma mesma característica histórica (grau de civilidade) e a um
mesmo patrão fisiológico (cor da pele, tipo de cabelo, formato do crânio,
etc.). O preconceito que surge dentro do conceito de RAÇA é, deste modo, o de
superioridade do BRANCO EUROPEU CRISTÃO (que já teria passado por todos as
etapas dos processos evolutivos da espécie humana, por isso mais inteligente,
mais bonito, mais civilizado).
Deste modo o conceito
de RAÇA se diferencia do de ETNIA (que está ligado a fatores culturais como
nacionalidade, origens históricas, identidade tribal, religião, língua,
tradições culturais e reivindicações de soberania sobre o território em que
vivem).
Portanto, apesar da
não existência de bases científicas para classificar biologicamente os seres
humanos, as desigualdades sociais existem, devido ao preconceito racial.
A formação étnica da população brasileira:
INDÍGENAS: Tupi, Jê, Aruaque, Cariri, etc.
AFRICANOS: Nagô, Jejê, Haussá, Benguela,
Moçambique.
EUROPEUS: Portugueses, Espanhóis, Italianos,
Alemães, Eslavos, Franceses e Holandeses.
ASIÁTICOS: Árabes, Japoneses e Chineses.
Quando os portugueses
chegaram ao Brasil as estimativas mais aceitas indicam que viviam no atual
território nacional de 3 à 5 milhões de indígenas. A principio, para a
exploração do pau-brasil, utilizaram o trabalho desses povos em troca de
presentes, em geral objetos sem valor para o europeu, mas de grande novidade
para o indígena.
Com o início das
lavouras de cana-de-açúcar a situação mudou. O indígena, devido à ação dos
bandeirantes (que capturavam violentamente e vendiam indígenas como escravos)
não aceitou pacificamente a submissão. Os padres jesuítas, por sua vez, que se
instalavam no país e pretendiam catequizar os nativos criaram a teoria de que o
índio tinha direito à liberdade e à propriedade. Para receber proteção os
indígenas teriam de se converter ao catolicismo. Com cada vez mais dificuldade
de aprisionar e manter índio cativos a coroa portuguesa tornou a escravidão
indígena proibida em 1570, a não ser em caso de “Guerras Justas” (que serviu de
desculpa para o extermínio de centenas de tribos na disputa e expansão
territorial no país.
Em 1559 ficou
estabelecido que a coroa portuguesa receberia os lucros da comercialização de
africanos. O tráfico negreiro tornou-se assim um bom negócio para governo,
traficantes e fazendeiros. Calcula-se
que até 1850, quando o tráfico foi finalmente abolido, cerca de 4,5 milhões de
africanos tenham sido trazidos para o Brasil.
A resistência do negro
à escravidão ficou evidenciada, primeiramente com estratégias de manutenção de
suas crenças e costumes, fingindo aceitar a conversão ao catolicismo (Igrejas
de negros com o culto aos Orixás), e, em segundo lugar, com a fuga e criação de
Quilombos, que eram núcleos de escravos fugidos que passavam a viver em
comunidades isoladas, o mais conhecido foi o de Palmares, localizado na Serra
da Barriga (PE e AL), que chegou a ter mais de 10 mil habitantes.
As heranças da
escravidão no Brasil hoje não é problema apenas para os negros, é também para
os brancos, pois é responsável por muitas dificuldades sociais vividas
atualmente, como a fome, as oportunidades desiguais, o desemprego e até a
violência.
Leis findaram aos
poucos a escravidão no Brasil: 1850: Fim do Tráfico Negreiro; 1871: Lei do
Ventre-Livre; 1885: Lei do Sexagenário; 1888: Lei Áurea. Mas a liberdade não
significou justiça e igualdade entre brancos em negros. Só em 1919, com a
Constituição de Igualdade Política os negros (homens) passam a poder votar (voto
de Cabresto); A Igualdade Política entre homens e mulheres e leis trabalhistas
só surgem na Constituição de 1934 (mas não inclui empregados domésticos – na
maioria de negros). Só em 1988, com a Constituição Cidadã “Todos são iguais
perante a lei”, abrindo espaço para a confirmação de leis reparatórias, ou
afirmativas, como a Lei Caó, de 1989 (confirmando a Lei Afonso Arinos de 1951),
a Lei contra o Racismo de 1992, a Lei de Cotas de 2002 e Lei no 9.394,
de 20/12/1996, modificada pela Lei no 10.639, de
9/01/2003: Ensino obrigatório de “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Após mais de 5 séculos
de lutas, e apesar dos preconceitos, a formação do povo brasileiro incorporou
várias contribuições de povos indígenas e africanos (gastronomia, música,
dança, folclore, mitos, manifestações religiosas, expressões linguísticas,
etc.).
Após o bandeirandismo
o indígena ainda passou por vários processos de extermínio no Brasil. Na Déc.
1930 o EXTREMO NACIONALISMO do Partido Integralista e a Política Vargas com a
expansão das fronteiras colocou várias tribos indígenas no esquecimento
histórico por “desaparecimento” político. Hoje existem pouco mais de 698 Terras
Indígenas Demarcadas, sendo 246 povos ou etnias, 150 línguas ou dialetos,
896.917 pessoas (324.834 – cidades/572.083 - áreas rurais) = 0,47% da população
total do país.
As características culturais destes
povos estão desde os 3 troncos linguísticos mais comuns e que fazem parte da
língua portuguesa brasileira: Tupi ou Macro-Tupi, Macro-Jê , Aruak, à influencias como alimentação,
banho, etc. A influência indígena
é fortíssima na culinária do Norte, baseada na mandioca e em peixes. Outros
alimentos típicos do povo nortista são: carne de sol, tucupi (caldo da mandioca
cozida), tacacá (espécie de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de
erva), camarão seco e pimenta-de-cheiro.
Embora tanta influência
na cultura brasileira povos indígenas e afrodescendentes ainda hoje enfrentam
dificuldades para obter sua integração social.
Ações afirmativas,
como a política de cotas nas universidades, causam muita polêmica e discussões.
Quando se pensa na
influência cultural que os imigrantes de diversas partes do mundo que vieram ao
Brasil, principalmente pós abolição, descobrimos que todos ajudaram a construir o
conceito de POVO BRASILEIRO.
A cultura de um povo
se refere aos seus valores e costumes, à língua escrita e falada, às tradições
religiosas, às diferentes manifestações artísticas e ao passado histórico
comum, que no Brasil, se caracteriza pelo encontro de povos diferentes.
Foi em torno das
relações entre os vários grupos humanos que se estruturou o Estado-Nação
brasileiro, uma sociedade politicamente organizada por meio de instituições,
com leis e governo próprios, e marcada por elementos culturais que lhe são
peculiares, principalmente herdados das tradições de nosso colonizador brasileiro:
feriados religiosos, idioma legal, tradições culturais, etc.
No
caso do Brasil, um território continental, com quase 200 milhões de pessoas, um
povo com influências culturais múltiplas, resultante de uma miscigenação racial
sim, mas principalmente cultural.
No começo da década de
1820, muitos imigrantes suíços se estabeleceram na cidade de Nova Friburgo
(estado do Rio de Janeiro). Neste mesmo período os alemães começaram a chegar à
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Estes imigrantes passaram a trabalhar em
atividades ligadas à agricultura e pecuária.
Já os italianos,
que vieram em grande quantidade para o Brasil, foram para a cidade de São
Paulo trabalhar no comércio ou na indústria. Outro caminho tomado por eles foi
o interior do estado de São Paulo, para trabalharem na lavoura de café que
estava começando a ganhar fôlego em meados do século XIX.
Já
os japoneses começaram a chegar ao Brasil em 1908, com a chegada ao Brasil do
navio Kasato Maru, trazendo do Japão 165 famílias de imigrantes japoneses.
Estes também buscavam os empregos nas fazendas de café do oeste paulista.
Por que estes imigrantes vieram
para o Brasil?
No século XIX, o
Brasil era visto na Europa e na Ásia (principalmente Japão) como um país de
muitas oportunidades. Pessoas que passavam por dificuldades econômicas
enxergaram uma ótima chance de prosperarem no Brasil.
A progressiva extinção
do trabalho escravo no país também estimulava a burguesia brasileira ao
contrato de mão-de-obra estrangeira. Após a abolição da escravatura no Brasil
(1888), muitos fazendeiros não quiseram empregar e pagar salários aos
ex-escravos, preferindo assim o imigrante europeu como mão-de-obra. Neste
contexto, o governo brasileiro incentivou e chegou a criar campanhas para
trazer imigrantes europeus para o Brasil com a desculpa da necessidade de
mão-de-obra qualificada, para substituir os escravos. Milhares de italianos e
alemães chegaram para trabalhar nas fazendas de café do interior de São Paulo,
nas indústrias e na zona rural do sul do país.
Muitos
imigrantes também vieram para cá, fugindo da recessão e da fome, além do perigo
provocado pelas duas grandes guerras mundiais que atingiram o continente
europeu.
Diferente de Negros e
Índios, brancos que migraram para o Brasil conseguiram lutar muito mais
facilmente por seus direitos.
Nos anos 20 e 30, com
o surgimento de sindicatos e com o movimento proletários Leis Trabalhistas e de
extensão de direitos aos imigrantes surgiram. Bairros operários foram
estruturados e pequenas cidades agrícolas se desenvolveram à margem do trabalho
imigrante.
Todos estes povos
vieram e se fixaram no território brasileiro com os mais variados ramos de
negócio, como por exemplo, o ramo cafeeiro, as atividades artesanais, a
policultura, a atividade madeireira, a produção de borracha, a vinicultura,
etc.
Após
os anos 70 observamos um novo grupo imigrando para o Brasil, asiáticos: árabes,
coreanos e chineses. Estes não são diferentes dos anteriores, pois da mesma
forma, vieram acreditando que poderão encontrar oportunidades aqui que não
encontram em seu país de origem. Eles se destacam no comércio vendendo produtos
dos mais variados tipos que vai desde alimentos, calçados, vestuário (roupas e
acessórios) até artigos eletrônicos.
Embora
a imigração tenha seu lado positivo, muitos países, como por exemplo, os
Estados Unidos, procuram dificultá-la e, sempre que possível, até mesmo
impedi-la, para, desta forma, tentar evitar um crescimento exagerado e
desordenado de sua população. Cada vez mais medidas são adotadas com este
propósito e uma delas é a dificuldade para se obter um visto americano no
passaporte.
Atualmente
o mundo vive um novo “Fluxo Migracional”: os Refugiados de Guerras Civis ou de
Governos Totalitários no Mundo. Campos de refugiados pelo mundo recebem
indivíduos aos milhares todos os dias. A ONU não pode intervir em situações de
Guerra Civil, apenas abrigar refugiados. Por sua vez, nestes campos cresce o
número de crianças APATRIADAS E ANACIONALIZADAS (Sem pátria ou nação), que
esperam por Asilo político.
No
Brasil muitos destes refugiados, mesmo quando asilados ou exilados, por não
possuem documentação trabalhista ou reconhecimento educacional prestam-se ou
são aliciados ao trabalho forçado (escravo). Seja em frentes agrícolas seja em
produção fabril, principalmente na região mais rica do país: o Centro-Sul.
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