domingo, 27 de abril de 2014

Geo - BRIC

Um Mundo Dividido em Blocos
Por Patrícia Carvalho Pinheiro

Na década de 60 os países ricos da Europa resolveram que não aceitariam a dominação econômica dos USA e resolveram unir-se economicamente para combater a supremacia econômica estado-unidense. Nesta perspectiva surge o bloco econômico que viria a dar origem à UE. (hoje formada por 25 países e com uma economia de 15 trilhões de dólares ao ano.
Os USA, bem como outros países também resolveram criar alianças econômicas para fortalecer suas economias e garantir supremacia mundial. A Nafta e a Alca foram tentativas dos USA de se manterem como economia hegemônica no planeta. A Alca era a tentativa final desse fato, mas, em 2001, com a eleição do governo Lula no Brasil o país recusa-se a assinar o tratado, o que inviabiliza a tentativa estado-unidense de dominar a América.
Ainda nesta perspectiva surge, nos anos 2000, um grupo de países que, ao contrário do movimento econômico mundial em constante crise, conseguem manter suas economias fortalecidas e garantem crescimento econômico. São os emergentes, denominados BRICS. Juntos Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul criam um bloco político que passa a exigir influencia e participação nas políticas internacionais, e graças à sua ação econômica conseguem.
O HISTÓRICO DOS BRIC:
BRASIL:
A economia capitalista brasileira se divide na aplicação de Planos Econômicos após a ditadura militar que tinham como objetivo conter gastos públicos, conter a inflação e aumentar a produtividade industrial, principalmente nos setores da Construção Civil e na Indústria automobilística.
PLANO COLLOR: Consistiu numa política de retenção dos valores monetários da população (confisco da poupança e salários restrito ao saque de Cr$50,00 por mês) o que desacelerou o consumo e obrigou a indústria a abaixar os custos e, conseqüentemente, os preços dos produtos. A classe média foi a principal prejudicada. Denúncias de corrupção levaram ao Impeachment do presidente Collor em 1992.
PLANO REAL: Elaborado pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso consistia em regularizar a economia brasileira na base do dólar (1 dólar = à 1 real), fortalecendo a moeda brasileira; acabar com a inflação com a política do aumento de produtos importados, baixando os preços dos produtos nacionais; diminuir gastos públicos com as privatizações de estatais; e atração de recursos estrangeiros (dólares) através de empréstimos ao FMI.  Foi o plano mais eficiente da economia brasileira, vigorando até os dias atuais. Foi muito eficiente principalmente durante os governos Itamar Franco e o 1º Governo FHC. No entanto, o endividamento do país junto ao FMI e a crise econômica internacional de 1998 (quando o FMI parou de emprestar dinheiro às economias emergentes, e passou a cobrar dívidas), fez com que a economia brasileira se estagnasse no 2º governo FHC. Foi necessário a desvalorização da moeda brasileira, e o país passou a ter dificuldade de captação de dólares, já que havia privatizado quase todas as estatais brasileiras.
No 1º Governo Lula para manter o crescimento econômico o governo criou um programa de aumento de renda da população para aumentar seu poder de compra e estimular a indústria nacional. Foi implantada a) Lei de Responsabilidade Fiscal que limitava gastos públicos à 60% dos orçamentos dos governos, e a transferência dos demais 40% aos cofres da União. Programas de apoio às famílias pobres (o que deu origem ao Bolsa Família já no 2º Governo  Lula) diminuiu o nível de miseráveis no Brasil (de 80% ao final do governo FHC à 6% nos dias atuais).
Outra estratégia para atração de recursos estrangeiros foi o incentivo ao crédito popular, com baixas taxas para bancos que quisessem investir no Brasil, o que aumento o poder de compra da população e estimulou o consumo. Para acabar com o endividamento do país o governo resolveu antecipar o pagamento de empréstimos ao FMI (no governo FHC o Brasil só conseguia pagar os juros). Hoje o país é credor do Fundo, junto com a China os únicos emergentes nesta situação.
Com essa política-econômica o Brasil manteve, mesmo com a crise mundial provocada pelos bancos dos USA em 2008, um crescimento estável em torno de 5% a.a. por mais de 8 anos. O maior problema para a manutenção do crescimento no Governo Dilma (este ano não deve ultrapassar 2%) é o Custo Brasil. A população brasileira se endividou durante o governo Lula, e com o aumento das taxas de juros após 2008 (para equilibrar os gastos do governo) o crédito ficou mais caro e a população tem comprado menos. Mesmo com políticas de redução de impostos (IPI para a linha branca e automóveis) o consumo no país tem diminuído. Os investimentos estrangeiros também, devido do CUSTO BRASIL (é muito mais barato para muitas empresas se instalarem em países como China, Índia e Tigres Asiáticos onde os gastos para se produzir são muito menores com energia, matéria-prima, impostos e mão-de-obra). Para manter o crescimento econômico o Governo Dilma tem sido linha dura com a Corrupção, tem feito mais acordos internacionais e promoveu, a partir de janeiro/2013 a diminuição dos gastos com energia elétrica no país, para diminuir o CUSTO BRASIL, Diminuiu em 30% os impostos para empresas tecnológicas que quiserem produzir Smartphones e Tablets no Brasil. A expectativa de crescimento do Brasil este ano era de 1,5% em janeiro, mas já havia superado os 2% em julho.

RÚSSIA:
Até 1917 foi czarista. Após a 2ª GGM se tornou uma das 2 maiores potências do Mundo (URSS) e manteve seu crescimento econômico com a produção da indústria Bélica e com grande centros de pesquisa científica (principalmente na área espacial). Hoje ainda possui 26% arsenal bélico, inclusive nuclear, do mundo. Só perde, em armamentos, para os USA (que possuem 35% do total).
No entanto, após 1979 (quando derrotada na guerra do Afeganistão), passou por uma grave crise econômica que fez com que vários de seus países membros promovessem a independência da mãe Rússia. Dos 22 países que compunham a URSS hoje apenas 4 continuam sob domínio russo, e são países que estão em constantes guerras pela independência (Chechênia, Geórgia, Ossétia do Sul e Abkházia).
Em 1989 a Alemanha Oriental foi o 1º país e declarar-se independente. Os demais países do Leste Europeu que se libertaram da Rússia forma hoje a CEI (Comunidade dos Estados Independentes). A URSS deixou de existir em 1991.
Na década de 90 a Rússia foi obrigada a se capitalizar. Para conseguir dólares passou por uma política de privatizações e de empréstimos ao FMI (hoje é o maior devedor ao FMI do mundo). A implantação da democracia não livrou o governo de sustentar chefes militares do antigo regime comunista, o que estimula a corrupção e o excesso nos gastos públicos (o governo não tem dinheiro para investir em infra-estrutura, pagar funcionários públicos e não consegue combater a sonegação de impostos).
A maioria das indústrias russas tem capital pertencente aos USA. O capitalismo trouxe o surgimento de uma classe média consumidora de bens e consumo, já que a mão-de-obra é extremamente barata e desqualificada, mas também aumentou a miséria no país (hoje 53 milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza).
A constante desvalorização da moeda, a alta inflação e desemprego e empobrecimento da população – típico de países capitalistas pobres, podem fazer a Rússia perder o status de país emergente em até 30 anos se não houver uma reformulação econômica no país, que tem o maior território do mundo, mas está sob gelo.

INDIA:
Passou por um processo de descolonização da Inglaterra após a 2ªGGM. Após luta pela independência passou por uma revolução socialista em 1947, liderada por Mahatma Gandhi.
É dona de grandes reservas de minérios e carvão (base energética no país), e a indústria bélica e de infra-estrutura eram o único vínculo com o progresso até 1996.
Em 1991 aboliu o socialismo e se capitalizou, aliada à economia inglesa. Para atrair recursos promoveu incentivo à investimentos estrangeiros com a redução de impostos para as indústrias e a redução de impostos para a importação. Realizou ajustes fiscais, monetário (desregulamentação da moeda) e atraiu recursos também dos USA  do Japão.
Tem a 2ª maior população do mundo, o que causa um verdadeiro caos urbano e facilita a concretização de MO muito barata. Tem investido em formação educacional ligada à tecnologia da informação, e administra os principais Call Centers do Mundo, se especializando em serviços e não no setor industrial.
Sem base industrial forte não gera empregos suficientes, como conseqüência tem-se 80% da população vivendo abaixo da linha da pobreza. A economia gerada está 13% na indústria, 52% nos serviços e 45% na agricultura.
A indústria se desenvolve com o investimento em tecnologia de algumas das maiores empresa tecnológicas do mundo, faz da Índia o maior exportador de softwares, com filiais da Microsoft, IBM, Apple, Motorola, Oracle, Alcatel, Siemens e Nokia. Hoje chega a exportar mão-de-obra tecnológica para USA e Rússia, mas a educação está restrita à parcela da população, devido ao sistema de castas existente no país. Hoje 80% da população vive abaixo da linha da pobreza.
Castas: divisão social por origem e hereditariedade. São 5: Brâmanes – sacerdotes e nobreza (menos de 1% da população); Xátrias – antigos guerreiros que hoje controlam a mídia, as indústrias tecnológicas e a política (2,5% da população). Vaixás : comerciantes e prestadores de serviços (6% da população); Sudras – trabalhadores braçais (15% da população) e os Dalits: impuros e que desenvolvem os piores trabalhos (mais de 75% da população).















CHINA:
Foi um país socialista política e economicamente até 1976. Após a morte de Mao Tsé-Tung o partido comunista resolveu abrir o país para a economia de mercado, privatizando as fazendas agrícolas (antes desenvolvia a agricultura coletiva) e pequenas indústrias não produtivas (têxtil e alimentos).
Em 1982 criou uma nova Constituição que determinou os alicerces da economia baseada na repressão política, com o controle do estado aos sistemas de telecomunicações, no controle migracional do campo para as áreas urbanas, e controle da natalidade por repressão. Neste momento houve a opção pelo investimento estatal na infra-estrutura urbana e abandono do desenvolvimento agrário, aumentando a miséria da população. A constituinte determinou também os regimentos sobre leis trabalhistas, o que implantou o sistema de trabalho escravo industrial no país.
 Em 1989 ocorreu o principal movimento político popular de luta pela liberdade política, conhecido como o Massacre da Paz Celestial, com a vitória do exército chinês contra a população revolta.
Em 1997 a China abandonou de vez a economia socialista, adotando um sistema de privatização de todo o sistema produtivo. No entanto, uma privatização parcial, já que o Estado continua sob controle de 30% das indústrias chinesas, e, em sua totalidade nos sistemas de telecomunicações e bancária.
A abertura ao capital estrangeiro se deu graças ao baixo custo de produção. Há isenção quase total para a instalação de empresas multinacionais, o que ocorre em áreas com boa infra-estrutura urbana (transportes com ferrovias, moradia, saneamento, recursos energéticos, e mão-de-obra qualificada). O governo (co-proprietário das empresas) subsidia a construção de cidades inteiras, e patrocina seu povoamento para promover o desenvolvimento econômico da região. Por conta disso é que a população urbana é bem descentralizada entre várias áreas urbanas.
Além disso, a China oferece qualificação profissional, com o fornecimento de educação pública de qualidade. Outro quesito para o crescimento econômico é o investimento em tecnologia de ponta, em centros tecnológicos e universitários. Os USA garantem, por exemplo, que o arsenal bélico da China é muito maior do que os dados oficiais fornecidos pelo governo, mas a ONU não tem autorização de fiscalização no país. Hoje, a China é o único país que ainda investe alto em tecnologia espacial, por exemplo, o que a torna a única a lançar foguetes e missões espaciais no planeta, até pelo baixo custo da produção.
Com tudo isso, a economia chinesa cresceu 90% nos últimos 25 anos, devendo superar o PIB dos USA em 2020.
Os maiores problemas na economia chinesa hoje são: o custo previdenciário (a população economicamente ativa não consegue sustentar as aposentadorias, e o controle de natalidade tem diminuído a projeção de população trabalhadora para o futuro); a má distribuição de renda (já que na China Rural a população vive sem qualquer estrutura do governo, há uma política de controle que impede a migração para as cidades e 10% da população do país vive abaixo da linha da pobreza – 150 milhões de pessoas); Em 2001 a China foi aceita pela OMC,  precisa for fim ao trabalho escravo – teve de se comprometer a aumentar em 15% o salário mínimo até 2015, o que hoje é de $1.320,00 Yuans (equivalente à R$374,77).
Com o aumento do custo com MO a dúvida é, se China controlou a inflação mundial nos últimos 25 anos como ficará a economia do mundo a partir de 2015?




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